Fernando Ulrich acredita que Portugal está num ponto de viragem

Se a economia portuguesa não crescer no médio prazo, a vida dos portugueses será mais difícil, diz o presidente executivo do BPI, para quem os mercados levaram “a sério” as reformas em Portugal.

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Ulrich: “Os gregos são pessoas de carne e osso como nós” Ricardo Brito

O presidente executivo do BPI, Fernando Ulrich, considera que Portugal está num ponto de viragem e que os mercados financeiros vêem com bons olhos as medidas do programa de ajustamento da economia portuguesa.

Ulrich, que falava na apresentação de resultados do banco nesta quarta-feira, em Lisboa, mostrou-se convicto de que as medidas tomadas não vão levar a uma queda do produto interno bruto (PIB) tão forte como aconteceu na Grécia. E avisa que, para os resultados palpáveis na vida dos portugueses, a economia tem de começar a crescer.

“Se a economia não crescer no médio prazo, a vida dos portugueses será mais difícil, como diria senhor La Palisse; não é preciso ele estar aqui para o dizer, e temos o exemplo da Grécia”, disse, sublinhando que o produto interno bruto grego já caiu 25%, enquanto o PIB português baixou 8%.

Ulrich avisa: “O PIB também pode cair muito, se as medidas que forem tomadas não forem as adequadas, é um risco.” Mas mostrou-se convencido de que tal não vai acontecer, considerando que a economia portuguesa se encontra num ponto de viragem.

“Os mercados levaram a sério o que foi feito em Portugal, mas também o que o senhor Mario Draghi anunciou”, disse, referindo-se à melhoria da confiança dos investidores em Portugal – que na semana passada regressou aos mercados para emitir Obrigações do Tesouro a cinco anos – e ao programa de compra de dívida pública prometido pelo Banco Central Europeu para acalmar a crise da moeda única.

Questionado sobre se continua a considerar que o país tolera mais austeridade, Ulrich voltou a referir-se ao caso grego e ao português, enquadrando declarações suas que causaram polémica no ano passado, quando afirmou sobre Portugal: “Ai aguenta, aguenta.”

Ulrich defendeu que as declarações foram retiradas do contexto e explicou que, com a comparação, quis dizer que “somos todos iguais” e que, por isso, “todos acabamos por aguentar”. “Os gregos são pessoas de carne e osso como nós.”
 
 
 
 

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