Empresas, centros de investigação e cidades juntas na plataforma Smart Cities Portugal

Inteli tira o retrato às empresas que desenvolvem soluções para as cidades e quer ajudar sector a internacionalizar-se.

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O CEIIA é um dos parceiros da plataforma Smart Cities Portugal Fernando Veludo/NFactos

Pode ser um moderno guia para turistas, como o que desenvolveu a JiTT. Ou pode ser um sistema de gestão online de recolha de lixo (o WiseWaste, da Soma), tarefa que tem de correr bem para não afugentarmos os turistas. Há dezenas de empresas em Portugal a dar respostas novas a necessidades actuais das cidades, tornando-as, essencialmente, “mais inteligentes” na forma como resolvem os problemas. E, para potenciar o valor económico e o impacto da sua actividade, o centro de inovação Inteli criou a plataforma Smart Cities Portugal.

O cunho smart cities é conhecido há muito, e já não é uma área de nicho. É uma urgência, na área das tecnologias da informação, da energia, mobilidade, urbanismo e construção civil, a procura de soluções que garantam que o fluxo contínuo de habitantes que, por todo o mundo, escolhem as cidades para viverem não levará a uma implosão em esgotos, em engarrafamentos, em lixo, em ingovernabilidade, etc, etc.. E sabendo disso, a Inteli criou a este ano a rede que reúne cidades, centros de investigação e empresas, 74% das quais pequenas e médias, que têm a “etiqueta” cidades inteligentes em algo do que façam.     

Para já, a Inteli está a tirar o retrato ao que se vai fazendo nesta área, no nosso país. Em centros de competências como o Future Cities, da Universidade do Porto, entre outros, passando por empresas, como o CEIIA, ligado à engenharia e mobilidade ou pequenas start-up, cujos projectos não tenham ainda chegado ao mercado. Entre as soluções que estão já estabilizadas e a ser comercializadas, as exportações, ambição de quase todos os envolvidos, vão ganhando peso. São, nesta fase inicial, quase um quarto do volume de negócios, cujo montante global só deverá ser conhecido nos primeiros meses do próximo ano, quando este road-map pelos sectores envolvidos estiver concluído, admitiu Catarina Seladas, da Inteli.  

A plataforma pretende afirmar Portugal como palco de desenvolvimento e experimentação de soluções inovadoras para as cidades do futuro, tendo como objectivo, precisamente, a exportação desses produtos e serviços. A rede de cidades inteligentes portuguesas, a RENER, que ajudou a fundar, no âmbito do projecto Mobi.E, alargou o seu âmbito de interesses para lá da mobilidade eléctrica e, em Novembro, durante o congresso mundial das Smart Cities que decorreu em Barcelona, associou-se à rede espanhola de cidades inteligentes, criando desta forma uma plataforma ibérica que deverá servir para troca de experiências, benchmarking e candidaturas comuns a projectos-piloto.

Na apresentação da Plataforma Smart Cities Portugal, em Barcelona, Catarina Seladas explicou que uma das prioridades do próximo programa-quadro para a Ciência e Inovação vão ser os Lighthouse Projects, projectos “farol” que deverão envolver cidades, e de vários países, e empresas, no desenvolvimento de soluções “na intersecção” de áreas como mobilidade, energia e tecnologias da informação". Com a dimensão ibérica alcançada, e em rede com parceiros tecnológicos como a IBM, a Indra, a Oracle Portugal e a Siemens, a Inteli espera assim captar uma parte importante desse financiamento para projectos portugueses.

O esforço de normalização que começa a ser feito ao nível da União Europeia, com a definição de standards de desempenho e soluções-tipo nas mais diversas áreas que contribuem para tornar as cidades mais inteligentes, leva a Inteli a apostar ainda na criação de um selo “smart cities”, que garanta a qualidade dos produtos ou serviços desenvolvidos no nosso país, tendo em conta que se pretende que a plataforma apoie a a internacionalização das empresas – em Espanha e na América Latina, para começar.

O mercado espanhol já garante 40 por cento do volume de negócios na área da mobilidade eléctrica para a Magnum Cap, empresa de Aveiro que produz unidades de carregamento de veículos eléctricos para espaços públicos e domésticos, e que esteve em Barcelona, enquanto parceira do CEIIA. Também presente na feira mundial de Smart Cities a start-up VitalId incorporou no volante do veículo eléctrico desenvolvido também pelo centro de engenharia um dispositivo capaz de fazer um electrocardiograma do condutor, através das mãos. A solução – que serve para identificar o condutor, tal como a íris ou as impressões digitais, também pode monitorizar o seu estado de saúde e enviar alertas sobre o mesmo – está já patenteada e a dar os primeiros passos.  

O CEIIA apresentou também em Barcelona a sua plaforma S3C,  Smart Connected Cities Centre, um centro de gestão de cidades, em tempo-real, em dimensões  tão diferentes como mobilidade e transportes, ambiente e energia, saúde e bem-estar, entre outras. Num momento em que as diferentes vertentes da vida urbana integram dispositivos ligados, em rede, com ou sem fios, a sistemas centrais, a solução apresentada na feira mundial de Smart Cities transforma esse fluxo de dados em informação, de forma a ajudar decisores e cidadãos “a melhor perceber o impacto das suas políticas e comportamentos para o metabolismo e evolução das cidades”.

Segundo o CEIIA, o S3C já está a ser utilizado para monitorizar redes de mobilidade eléctrica em Portugal e no Brasil, tendo permitido o lançamento de um sistema de uso partilhado de veículos, o LX Mobilidade, com bicicletas eléctricas permanentemente conectadas, desenhado pelo CEIIA em parceria com a Prio.e, Tekever, Magum cap e Miralago. Este sistema foi testado, pela primeira vez, durante a Semana Europeia da Mobilidade de 2013, em Lisboa. Toda a gestão e monitorização é realizada pela plataforma MOBI.ME, um sistema inteligente de gestão integrada de serviços na cidade. Para além da gestão de carregamento de veículos eléctricos, a MOBI.ME permite por exemplo avaliar e a pegada ecológica e os custos energéticos do meio de transporte usado.

O PÚBLICO esteve em Barcelona a convite do CEIIA

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