Calçado português bate região de Champanhe e conquista prémio europeu

Contributo do sector para o aumento das exportações e para a criação de emprego convenceram o júri internacional

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Numa altura em que a economia europeia tem de "caminhar sobre a água", como a Comissão Europeia fez questão de sublinhar, o calçado português tornou-se um exemplo de como a promoção externa deve ser feita para se "aproveitarem as oportunidades dos mercados", nas palavras de Arnaldo Abruzzini, da associação europeia de câmaras de comércio. Pelo segundo ano consecutivo, Portugal conquista o prémio europeu da promoção externa – no ano passado tinha sido distinguido o projecto de associação dos Douro Boys, que tinha conseguido obter um acréscimo das exportações das suas cinco empresas em 134%.

Fortunato Frederico, presidente da APICCAPS, a associação que reúne as empresas do sector e o seu porta-voz, Paulo Gonçalves, deixariam depois em palco um longo rol de agradecimentos às empresas e às entidades oficiais que "tornaram o prémio possível", destacando  IAPMEI. A pompa e a circunstância do momento não permitiram, no entanto, explicar as razões do sucesso do calçado português. Em dois anos, as exportações nacionais do sector cresceram 21% e o preço médio aumentou 25%, o que torna o calçado português o segundo mais valorizado do mundo, logo a seguir ao produzido na Itália. Este sucesso foi justificado, em boa medida, pelas campanhas de promoção externa do sector, que levam as empresas a participar em cerca de 70 feiras internacionais por ano e por uma série de campanhas de promoção integradas dirigidas a importadores, a profissionais da comunicação e do marketing e ao público em geral.

Uma vez que o impacte regional é um dos critérios fundamentais para a avaliação do júri, a APICCAPS avançou com o caso de Felgueiras, onde se concentra cerca de metade da produção de calçado destinado aos mercados externos, cerca de 400 empresas. Neste concelho industrial, a taxa de desemprego ronda actualmente os 11%, a mais baixa do país. E o emprego aumentou na mesma percentagem. Ao todo, a indústria do calçado criou nessa sub-região do Norte cerca de 1200 postos de trabalho entre 2011 e 2012.

Para sublinhar a relação dos custos com os benefícios, a associação dos empresários do calçado projectou os investimentos feitos desde 2007 e acrescentou-lhes os programas já aprovados até 2015. Ao todo, os programas de promoção vão custar 55 milhões de euros de apoios provenientes dos fundos estruturais da União Europeia. Mas, para o mesmo horizonte temporal, os valores estimados de exportação devem aproximar-se dos 12 mil milhões de euros. Ou seja, a promoção terá representado 0,3% do valor das exportações do sector.

Os prémios europeus de promoção empresarial dividem-se em sete categorias e contemplam acções que vão desde a aposta nas exportações ao desenvolvimento do empreendedorismo, às iniciativas públicas destinadas a melhorar o ambiente de negócios ou ao desenvolvimento de competências pelas pequenas e médias empresas. A primeira triagem de candidatos faz-se a nível nacional e a entidade nacional com estas atribuições, o IAPMEI, seleccionou o caso do calçado e o projecto de empreendedorismo start up Lisboa, da iniciativa da câmara municipal local. Em termos europeus, estiveram em concurso cerca de 800 iniciativas destinadas a pequenas e médias empresas, das quais 56 eram portuguesas.

O prémio europeu ao calçado distingue pela terceira vez Portugal na Assembleia Europeia das PME, uma espécie de cimeira de negócios que reúne todos os anos empresários e responsáveis políticos de todos os Estados membros da UE – este ano estiveram também presentes em Vílnius várias delegações de países terceiros. Em 2006, o Governo português foi distinguido pela iniciativa Empresa na Hora e no ano passado o segundo título europeu foi conquistado pelos Douro Boys.

O PÚBLICO viajou a convite da Comissão Europeia
 

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