Eni encaixa 702,4 milhões com venda de 7% da Galp

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Amorim Energia domina capital da Galp

A Eni recebeu 702,4 milhões de euros pelos 7% da Galp Energia que colocou junto de investidores, uma operação efectuada através de uma operação de venda rápida. Ao todo, foram colocadas 58.051.000 acções, a um preço de 12,10 euros por título.

De acordo com o comunicado ao mercado esta sexta-feira, a liquidação da oferta vai ocorrer no dia 2 de Abril, quarta-feira, altura em que será feita a entrega das acções aos investidores, que irão efectuar o respectivo pagamento. Depois, ver-se-á se a Galp assiste à entrada de novos accionistas de referência (ou seja, que detêm mais de 2% do capital).

As acções da petrolífera portuguesa, após terem sido suspensas por um breve período de manhã (enquanto o regulador, a CMVM, esperava o comunicado da ENI) fecharam a sessão a descer 0,6% para os 12,4 euros, em contraciclo com o PSI 20 ( mais 0,11%).

Na quinta-feira, a italiana Eni tinha comunicado que colocara à venda cerca de 7% do capital social que detém na Galp, após a Amorim Energia não ter exercido o direito de preferência que detinha sobre estes títulos. Além disso, a empresa informou que, nos últimos meses, tinha alienado mais 0,34% do capital da Galp em bolsa.

A Eni fica ainda com cerca de 9% da Galp. No entanto, grande parte desta posição, correspondente a 8%, está ligada a uma emissão de obrigações convertíveis em acções, no valor de 1028 milhões de euros e com maturidade em Novembro do ano que vem. Por fim, restam ainda títulos que representam perto de 1% do capital da Galp, que também não foram alvo de direito preferencial por parte da Amorim Energia.

O presidente executivo da Galp, Manuel Ferreira de Oliveira, reagiu à operação através de uma nota enviada às redacções, sublinhando que, agora, ficou concluído “na sua essência, o processo de reestruturação accionista da empresa iniciado em Março de 2012”. “É um momento de extrema importância na vida desta companhia e um factor de estabilidade na fase de crescimento que a empresa atravessa”, acrescentou o gestor.

Domínio de Amorim

A reestruturação accionista mencionada por Ferreira de Oliveira implica a saída da Eni, que já foi o principal accionista (com 33,3%) e o reforço da Amorim Energia. Hoje, é esta a empresa quem domina a petrolífera portuguesa, com 38,34% do capital.

A Amorim Energia, com sede na Holanda, congrega as posições de Américo Amorim, da petrolífera estatal angolana Sonangol e de Isabel dos Santos. Américo Amorim detém 55% da Amorim Energia, e os outros 45% estão na holding Esperaza. Esta, por sua vez, é detida em 55% pela Sonangol e em 45% por Isabel dos Santos.

A empresária, filha do presidente angolano, é também a segunda maior accionista do BPI, com 19,5%, e domina a ZonOptimus em parceria com a Sonae (grupo dono do PÚBLICO), além de deter 25% do Banco BIC. Já a Sonangol é o maior accionista do BCP, com 19,4%.

Com Ana Rute Silva

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