Rússia volta a bombardear rede de electricidade ucraniana

Ataques visaram infra-estrutura energética em várias regiões longe da linha da frente e obrigaram a cortes de electricidade temporários. Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas.

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Militares ucranianos iluminam o céu à procura de drones russos sobre Kiev Gleb Garanich / REUTERS
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A Rússia lançou uma grande vaga de bombardeamentos sobre a Ucrânia durante a madrugada desta quarta-feira, visando sobretudo infra-estrutura ligada à produção e distribuição de energia em várias regiões do país.

Este foi um dos ataques aéreos mais intensos das últimas semanas e acontece um dia depois da tomada de posse de Vladimir Putin para mais um mandato como Presidente russo e na véspera do Dia da Vitória, em que a Rússia comemora a capitulação da Alemanha nazi na II Guerra Mundial.

“Outro ataque maciço contra a nossa indústria de energia”, disse o ministro ucraniano da Energia, German Galushchenko, numa publicação no Telegram.

Os sistemas de fornecimento e distribuição de electricidade foram atingidos nas regiões de Poltava, Kirovograd, Zaporijjia, Lviv, Ivano-Frankivsk e Vinnitsia, segundo o Governo, que ainda está a tentar apurar a extensão dos danos. Foram dadas instruções aos cidadãos para restringirem o consumo de electricidade. O operador da rede eléctrica disse ter imposto alguns cortes de electricidade temporários em nove regiões, que podem vir a ser estendidos a todo o país nas horas de maior consumo.

Além disso, foram ainda atingidas 30 residências, veículos de transporte público, carros e um quartel de bombeiros, disse o ministro, citado pela Reuters. Pelo menos duas pessoas ficaram feridas na região de Kiev e outras duas em Kirovograd.

A Força Aérea ucraniana disse ter abatido 39 dos 55 mísseis e 20 dos 21 drones usados pela Rússia no ataque desta manhã.

Num discurso para assinalar o Dia da Vitória sobre a Alemanha nazi, assinalado na Europa Ocidental a 8 de Maio e na Rússia a 9, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, traçou comparações entre aquele período histórico e o conflito em curso. "Todos na Terra conhecem a história e recordam-se de como se combate o nazismo. Quando a humanidade se une, se opõe a Hitler, em vez de comprar o seu petróleo e comparecer à sua tomada de posse", afirmou.

A intensificação dos bombardeamentos contra as redes de electricidade ucranianas faz parte da estratégia de Moscovo para aumentar a pressão sobre as autoridades do país vizinho, enquanto tem obtido alguns ganhos territoriais no Donbass. Os bombardeamentos desta madrugada visaram regiões longe da linha da frente dos combates, à excepção de Zaporijjia.

A Força Aérea polaca, em conjunto com aliados da NATO, enviou aeronaves para proteger o espaço aéreo polaco de potenciais mísseis e drones russos, segundo o Kyiv Independent.

A Rússia diz que não ataca alvos civis na Ucrânia, mas considera legítimos os ataques contra a infra-estrutura energética por considerar que são parte integrante do sistema militar ucraniano. "Como resultado do bombardeamento, a capacidade da Ucrânia para a produção de produtos militares, bem como para a transferência de armas e equipamento militar ocidental para a linha de contacto, foi significativamente reduzida", informou o Ministério da Defesa russo.

Moscovo também tem tentado explorar as fragilidades momentâneas da Ucrânia, que sofre há meses com uma escassez de munições para as suas defesas anti-aéreas por causa do bloqueio na aprovação de um pacote de ajuda militar pelo Congresso dos EUA. No mês passado, a ajuda foi finalmente aprovada, mas ainda irá demorar algumas semanas até ter efeitos no terreno.

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