O Canal Pança chegou para descentralizar a cozinha, para lá de Lisboa

De receitas a conversas com chefes, o Canal Pança procura mostrar os diferentes universos gastronómicos, seja em vídeos no YouTube ou em podcast.

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Diana Barnabé e Tiago Lessa Estúdio Cozinha

Foi com o desejo de “aproximar as pessoas do universo gastronómico” que Diana Barnabé e Tiago Lessa fundaram o Canal Pança. Lançado a 1 de Outubro, actualmente o projecto já conta com mais de 420 subscritores no YouTube e mais de 1400 seguidores no Instagram. O nome tem uma explicação: “Encher a pança pressupõe satisfação e ter ‘mais olhos que barriga’. Este é um lugar em que as pessoas podem devorar conhecimento, ao mesmo tempo que estão perante objectos de entretenimento”, explica Diana.

“Queremos difundir e aproximar as pessoas do universo gastronómico, partilhar receitas, debates, conversas, entrevistas, é partilhar essencialmente a nossa visão sobre o universo gastronómico”, começa por dizer Diana Barnabé. No fundo, mostrar “que a alta cozinha não está assim tão longe e que [os espectadores] podem aprender a fazer coisas inspiradas na alta cozinha, da mesma forma que podem aprender a fazer coisas inspiradas no lado mais tradicional da gastronomia”. “É aproximar as pessoas a esses universos diferentes mas que têm muito em comum”, completa Tiago Lessa.

Levado a cabo por uma equipa de dez elementos, o canal também tem como intenção “tentar descentralizar a visão que existe da gastronomia, porque a visão global sobre a gastronomia está centralizada em Lisboa”, procurando mostrar as várias identidades das diferentes cidades e regiões do país.

O Canal Pança conta, ainda, com um segmento de podcast, que ainda não foi lançado. O projecto é produzido e financiado pelo Estúdio Cozinha, empresa criada por Tiago Lessa que “produz conteúdo audiovisual e escrito sobre gastronomia”. “O nosso trabalho é focado em produzir conteúdo de fotografia, vídeo e escrita gastronómica para clientes”, explica Diana Barnabé. Embora seja produzido pelo Estúdio Cozinha, o canal “não é um segmento”, conclui.

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Os bastidores do Canal Pança Estúdio Cozinha

Um “bichinho” antigo

Embora não tenham formação na área, tanto Diana como Tiago sempre tiveram “uma grande paixão pela gastronomia”, de modo que passam “muitas horas a ler, estudar e ver todas as receitas que há para fazer um prato” para criarem o conteúdo que partilham.

Na verdade, já há muito tempo que alimentam este “bichinho”. Com 34 anos, natural de Leça da Palmeira, Tiago Lessa estudou Multimédia e Realização de Cinema e Televisão e, durante o mestrado, chegou mesmo a produzir alguns episódios piloto para uma eventual série sobre as tascas do Porto. O projecto acabou por não ficar concluído porque a pessoa com quem Tiago trabalhava emigrou, levando-o a investir mais na fotografia. Uma vez, foi “fotografar um evento gastronómico” e um chef gostou tanto das imagens que o convidou para “criar conteúdo para o restaurante”. Começou assim a produzir conteúdo de vídeo e fotografia para diversos restaurantes, abrindo mais tarde o Estúdio Cozinha.

Já Diana é natural de Valongo e estudou Teatro. A jovem de 31 anos sempre teve uma “relação muito íntima com o acto de cozinhar”, o que a levou a criar, em 2014, “um projecto-piloto de um programa de cozinha” que abordava assuntos, não tão comuns à época, como cozinha biológica e slow food. No entanto, esse programa também “acabou por nunca ver a luz do dia”. Durante a pandemia, Diana juntou-se à equipa do Estúdio Cozinha.

A primeira fase, conta o casal, começou em Outubro e vai até Maio, estando todos os conteúdos já planeados até lá. Para já só está disponível no YouTube o programa Podre de Bom, sobre comidas fermentadas, cuja temporada tem seis episódios e foi produzida no estúdio da empresa, situado em Leça da Palmeira. Mais virão, realizados noutros locais, que para já permanecem em segredo — fica já anunciado que o próximo programa se estreia a 13 de Novembro. Para aguçar o apetite.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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