Ursula von der Leyen poderá ser a primeira mulher à frente da Comissão Europeia

Há seis anos que era Ministra da Defesa da chanceler alemã, Angela Merkel, e tem um longo percurso governativo, ainda que apenas tenha entrado na política aos 42 anos.

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Ursula von der Leyen era vista como uma estrela em ascensão entre os democratas-cristãos alemães LUSA/FILIP SINGER

Entrou na política local alemã aos 42 anos e é hoje uma estrela em ascensão entre os democratas-cristãos alemães. Ursula von der Leyen, que passará a ser a primeira mulher a liderar a Comissão Europeia, tem uma longa carreira ministerial no Governo federal alemão. 

Médica de formação e mãe de sete filhos, Von der Leyen, de 60 anos, foi também a primeira mulher a liderar o Ministério da Defesa da Alemanha, cargo que ocupa desde 2013. Antes tinha estado à frente dos Ministérios do Estado (2003-2005), dos Assuntos Familiares e da Juventude (2005-2009) e do Trabalho e Assuntos Sociais (2009-2013). Os seus adversários gabam-lhe a eloquência, os seus aliados a capacidade para facilmente dominar os temas. 

A sua passagem pelo Ministério do Estado passou relativamente despercebida, destacando-se finalmente no dos Assuntos Familiares e da Juventude. Conhecido por ser comummente liderado por políticos com pouca experiência, Ursula von der Leyen rapidamente se destacou: dominava facilmente os dossiers e empenhou-se na criação de uma rede nacional de creches, entrando em choque com a ala mais conservadora do seu partido.

Aguentou-se e, em 2009, mostrou a sua polivalência ao assumir a liderança do Ministério do Trabalho e Assuntos Sociais, onde se dedicou à alteração das leis laborais para aumentar a protecção social.

Mas o seu grande desafio foi sem dúvida o Ministério da Defesa, onde se mantém há dois governos CDU-SPD. A sua impreparação para assuntos militares e estilo de liderança valeram-lhe críticas, mas conseguiu conquistar o respeito das chefias militares alemãs com uma série de decisões e reformas das Forças Armadas alemãs num momento em que estas careciam de investimento e instrumentos. Além disso, é defensora de uma política externa alemã mais assertiva.

A segurança europeia precisava de uma Alemanha mais proactiva e que abandonasse gradualmente o tabu securitário e Von der Leyen era a pessoa apropriada: apoiou a compra de veículos aéreos não tripulados, o fornecimento de armas às milícias curdas que combatem o Estado Islâmico e a permanência de militares alemães no Afeganistão. Pelo meio, reformou as forças armadas nacionais, ora criando um novo ramo, o da ciberguerra, ora desenvolvendo benefícios para serem mais atractivas para novos recrutas – a criação de creches para as crianças de mães militares é um dos exemplos, mostrando a sua polivalência.

No entanto, mais recentemente, a sua posição vinha-se fragilizando com uma série de escândalos nas Forças Armadas, como a presença de neonazis, a compra de aeronaves e contratações de consultores. O salto para o palco europeu é promoção política e distanciamento de escândalos.

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