Rebeldes sírios ameaçam considerar cessar-fogo sem efeito

Grupos da oposição dizem que as forças pró-regime têm estado a violar o acordo de tréguas que entrou em vigor sexta-feira.

Foto
Há alguma confusão sobre quais os grupos rebeldes incluídos no cessar-fogo Reuters/AMMAR ABDULLAH

Grupos rebeldes sírios avisaram que vão considerar sem efeito o cessar-fogo negociado entre a Rússia e a Turquia se as forças governamentais fiéis a Damasco continuarem a violá-lo. Desde que o cessar-fogo entrou em vigor, na sexta-feira, tem havido notícia de alguns confrontos e ataques aéreos, refere a Reuters. Apesar disso, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos afirma que, de uma maneira geral, o cessar-fogo está a ser respeitado.

Não é essa a opinião dos grupos rebeldes que emitiram um comunicado no qual denunciam “as continuadas violações por parte do regime, bombardeamentos e tentativas para atacar áreas sob o controlo de facções revolucionárias” que, dizem, “vão tornar o acordo nulo”. Segundo estes grupos, as forças fiéis ao regime estão a tentar ganhar terreno sobretudo a Noroeste de Damasco.

O Wall Street Journal cita também fontes rebeldes segundo as quais aviões e helicópteros das forças governamentais estariam a atacar alvos da oposição em redor de Damasco e nas províncias de Idlib e Hama. De acordo com o jornal, fontes pró-governamentais confirmaram estes ataques, sublinhando contudo que os alvos são grupos armados que não estão incluídos no acordo de cessar-fogo.

Um dos aspectos mais delicados do acordo, ainda de acordo com o Wall Street Journal, é o grupo Frente de Conquista da Síria, ligado à Al-Qaeda e excluído do acordo. Este grupo radical tem várias frentes de combate em comum com grupos rebeldes mais moderados que aceitaram as tréguas. Como as forças governamentais podem continuar a atacar a Frente de Conquista da Síria, elas estão a usar isso como pretexto para ataques mais alargados em redor da capital, dizem os rebeldes ouvidos pelo jornal.  

O comunicado dos grupos rebeldes diz que o Governo e a oposição parecem ter assinado duas versões diferentes do acordo e que numa delas faltam “vários pontos essenciais que não são negociáveis”. Não adiantam, contudo, quais são esses pontos. A Reuters sublinha que há alguma confusão sobre quais são exactamente os grupos da oposição que estão incluídos no cessar-fogo, sendo certo que o Daesh não está.

Moscovo, que apoia o regime de Bashar al-Assad, e Ancara, que apoia a oposição armada, estabeleceram este acordo de cessar-fogo na esperança de que seja possível avançar para negociações de paz no Cazaquistão em 2017 para pôr termo ao conflito na Síria.

Sugerir correcção
Ler 7 comentários