Polícia identifica 32 suspeitos da onda de assaltos e agressões em Colónia

Comissário da polícia foi afastado por falta de reacção às agressões sexuais a mulheres na noite de Ano Novo. Foram feitas já duas detenções.

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sinal de alerta para carteiristas na praça frente à principal estação ferroviária de Colónia Wolfgang Rattay/REUTERS
Wolfgang Albers estava a ser criticado por todos os lados
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Wolfgang Albers estava a ser criticado por todos os lados Wolfgang Rattay/REUTERS

O comissário da polícia de Colónia foi suspenso das suas funções. Era sobre Wolfgang Albers que estavam a convergir todas as críticas após a onda de furtos e agressões sexuais a mulheres da noite de Ano Novo, que resultaram em 170 queixas, das quais três quartos por agressões sexuais, mas também por roubos, de carteiras e telemóveis. A polícia identificou já 31 suspeitos destas agressões e roubos, 18 das quais seriam candidatos a obter asilo na Alemanha.

Dois dos suspeitos foram já detidos: trata-se de um jovem de 16 anos e outro de 23, provenientes de Marrocos e da Tunísia, segundo um porta-voz dos refugiados que é citado pelo site da revista Spiegel. Pelo menos o mais novo é conhecido da polícia como um dos muitos carteiristas que atormentam Colónia, diz a revista.

No entanto, o problema desta pequena criminalidade na cidade está mais associado com imigrantes do Norte e Centro de África, disse à revista o chefe da polícia Ulf Küch. A maioria dos refugiados – a quem estão a ser dadas culpas neste caso – raramente comete crimes. “Muito poucos imigrantes se tornam criminosos, mas se isso acontece, então cometem muitos crimes”, comentou o responsável. As estatísticas federais suportam estas declarações.

Os suspeitos identificados são de múltiplas nacionalidades: nove argelinos, oito marroquinos, cinco iranianos, quatro sírios, dois alemães, um iraquiano, um sérvio e um norte-americano, explicitou Tobias Plate, porta-voz do ministro do Interior.

Quanto ao comissário de polícia de Colónia, foi colocado em “licença provisória” – uma sanção administrativa alemã que equivale a um afastamento muitas vezes definitivo. A  situação deste dirigente da polícia de 60 anos estava a torna-se insustentável, com críticas a surgirem de todos os lados, quer pela inacção da força policial na noite de Ano Novo, quer pela falta de informação prestada a outros responsáveis sobre o que se passou.

A presidente da Câmara de Colónia, Henriette Reker, que se tornou alvo das críticas ao dizer que  as mulheres devem saber manter homens suspeitos “à distância de um braço”, retirou-lhe esta sexta-feira a confiança, afirmando que Wolfgang Albers não a tinha informado como devia, noticiou o jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.

Reker, que na véspera das eleições municipais foi esfaqueada, por se ter destacado em acções de apoio aos refugiados, está a tentar recuperar a iniciativa, num momento em que a Alemanha aponta para um endurecimento da sua política de acolhimento dos requerentes de asilo. Em entrevista à Spiegel diz que a acção da polícia de Colonia foi “incompreensível” e afirma que é preciso controlar melhor certas zonas da cidade, onde os carteiristas e os traficantes actuam.

“Precisamos de mais polícia e monitorização por vídeo, que permita não só ver o que acontece aos polícias a todo o momento, como lançar um alerta de intervenção rápida”, afirmou. O objectivo diz Henriette Reker, é “garantir a segurança em todos os locais da cidade, durante todo o ano”. O Carnaval será a próxima prova de fogo.

Mas outras cidades da Alemanha Ocidental registaram incidentes semelhantes na passagem do ano, embora com menos queixas: Dusseldorf 15; Hamburgo 70; Estugarda 15. Em Zurique (Suíça), cerca de 90 mulheres apresentaram queixa por serem assaltadas e sofrerem agressões sexuais, relata a Reuters.

Em Helsínquia, a polícia finlandesa relatou ter registado um número invulgarmente alto de queixas de mulheres que dizem ter sido assaltadas e molestadas de forma sexual, aparentemente por imigrantes. Em reacção a isto, começaram a mobilizar-se patrulhas de grupos de autodefesa de extrema-direita que começaram a surgir nos últimos meses, os chamados Soldados de Ódin, relata a AFP.

Esta ligação da onda de assaltos e agressões sexuais do Ano Novo com imigrantes ou refugiados levou a que, durante vários dias, os media alemãs e a própria polícia não noticiassem o que se passou. A história circulou sobretudo nas redes sociais, e intensamente nos meios da extrema-direita. A emissora ZDF emitiu um pedido de desculpas, pela “má avaliação” do caso.

A extrema-direita está a aproveitar-se do caso: para sábado, o Pegida, o movimento anti-imigração e anti-islão já marcou uma manifestação para junto da catedral de Colónia.

A verdade é que os partidos estão a competir entre si com medidas que castiguem refugiados ou imigrantes que cometam crimes. A possibilidade de mandar de volta para o seu país requerentes de asilo está na cabeça de todos – ou até de os fazer cumprir pena no seu país, se forem condenados. “A ameaça de terem de cumprir uma pena de prisão no seu país de origem é mais dissuasora do que ficar na cadeia na Alemanha”, afirmou o ministro da Economia e líder dos Social-Democratas (SPD), parceiro de governo dos cristãos-democratas (CDU) de Angela Merkel. Além disso, “porque é que os contribuintes alemães haviam de pagar para manter na prisão criminosos estrangeiros?”

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