Terceiro atacante no Bataclan era francês e combateu na Síria

Foued Aggad tinha 23 anos e foi identificado por amostras de ADN. Os três terroristas que atacaram a sala de espectáculos eram franceses e passaram pelas fileiras do Estado Islâmico.

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Morreram 90 pessoas no ataque dos três extremistas ao Bataclan. Christian Hartmann/Reuters

A polícia francesa conseguiu finalmente identificar o terceiro atacante do grupo que matou 89 pessoas na sala de espectáculos Bataclan, há quase um mês. Foued Mohamed Aggad, um francês de 23 anos nascido em Estrasburgo, foi nomeado depois de a família ter sido alertada por telemóvel que ele tinha morrido em Paris no dia dos ataques.

A chave para que a polícia tivesse conseguido fechar este capítulo da investigação foi fornecida pela mãe do atacante, que recebeu uma mensagem há dez dias. O conteúdo dessa mensagem não foi divulgado, e há duas versões a circular em França.

Numa, o SMS foi enviado pela mulher com quem Foued se casou na Síria, e dizia que o jovem tinha morrido nos ataques em Paris; noutra, a mensagem terá sido enviada por alguém das estruturas do autodesignado Estado Islâmico, e dizia que Foued tinha sido morto "no dia 13 de Novembro com os seus irmãos" – um gesto habitual no grupo extremista, que costuma notificar os familiares dos que morrem quando cometem atentados terroristas.

Seja como for, a mãe de Foued Mohamed Aggad decidiu entrar em contacto com as equipas que estão a investigar os ataques em Paris, através de uma advogada, Françoise Cotta. "Ela foi imediatamente assaltada pela terrível sensação de que ele poderia ser um dos atacantes suicidas do Bataclan", disse Cotta, citada pela agência Reuters.

Foi a partir daí, há dez dias, que os investigadores começaram a trabalhar na identificação, recolhendo amostras de ADN dos familiares e comparando-as às amostras que tinham do atacante. Os resultados chegaram no fim-de-semana e foram anunciados esta quarta-feira.

A identificação de Foued Mohamed Aggad confirma que os ataques de Paris foram levados a cabo por uma maioria de cidadãos franceses e belgas que passaram pela Síria nos últimos anos.

Foued costumava juntar-se ao seu irmão e outros oito amigos num bar na cidade alemã de Kehl, separada de Estrasburgo apenas pelo rio Reno. Foi aí, segundo o jornal Le Monde, que combinaram viajar para a Síria, em Dezembro de 2013.

Viajaram em grupos mais pequenos, e em datas diferentes, para minimizarem as hipóteses de serem barrados pelas autoridades nos aeroportos. Mal se reuniram na Síria, em Alepo, tiveram de fugir a um bombardeamento e seguiram para Raqqa, a cidade que o grupo Estado Islâmico considera ser a capital do seu autoproclamado califado na Síria. De Raqqa viajaram para uma outra cidade, onde dois deles – os irmãos Mourad e Yassine Boudjellal – foram mortos num posto de controlo.

A estadia de sete dos restantes oito amigos durou poucas semanas – a partir de Fevereiro de 2014, mais uma vez em pequenos grupos, começaram a regressar a França, onde acabariam por ser detidos em Maio, estando a aguardar julgamento por suspeitas de ligação a um grupo terrorista. Só um deles ficou para trás, decidido a combater ao lado dos extremistas do Estado Islâmico – Foued Mohamed Aggad, que só regressaria a França para participar nos atentados terroristas de 13 de Novembro em Paris.

Os sete que regressaram em Fevereiro de 2014 (entre os quais o irmão de Foued) disseram à polícia que viajaram para a Síria com o objectivo de verem com os seus próprios olhos o que se passava no terreno. Disseram que estavam fartos de ouvir versões contraditórias quando estavam em França, mas garantem que ficaram "chocados com as atrocidades na Síria", segundo o jornal Le Monde.

Os outros dois atacantes do Bataclan já tinham sido identificados – Samy Amimour, de 28 anos, nascido no departamento de Seine-Saint-Denis, a cerca de dez quilómetros do centro de Paris; e Omar Ismael Mostefai, de 29 anos, nascido em Essone, também nas proximidades da capital francesa.

 

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