“Devolução” de hospitais às misericórdias retirado de programa do Governo

Novo ministro da Saúde promete dar médico de família a todos os portugueses “que o desejarem” até 2017.

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Fernando Leal da Costa fala em “chaga” e “flagelo” social Daniel Rocha

O Governo cedeu às críticas do Bloco de Esquerda e retirou o processo de "devolução" de oito hospitais às misericórdias que estava em curso do programa que esta sexta-feira entregou no Parlamento, além de ter mimetizado um dos compromissos eleitorais do PS, propondo-se abrir 100 unidades de saúde familiar (USF) nos próximos quatro anos.

“Desde a primeira hora entendemos que todo o processo político é um processo de compromissos. Em qualquer conversação que será necessário estabelecer com forças da oposição há a necessidade de inteligentemente estabelecermos compromissos”, justificou o novo ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, no final de uma visita ao hospital de Santo António, no Porto. No seu programa eleitoral, o PS comprometeu-se, recorde-se, a criar 100 novas USF até ao final da legislatura, atribuindo desta forma médico de família "a mais 500 mil habitantes”.

Classificando o documento esta sexta-feira apresentado como um “programa moderno””, Leal da Costa precisou que o XX Governo Constitucional se propõe é abrir “pelo menos” 100 USF, preferindo destacar o objectivo de atribuir médico de família “a todos os portugueses que o desejarem até 2017”. “O programa não pode ser avaliado por aquilo que foi retirado, mas pelo que há de novo”, enfatizou, sublinhando que “é a primeira vez que um Governo  se compromete” com o desígnio de dar médico de família a todos os portugueses.

Questionado pelos jornalistas que recordaram que idêntica promessa foi feita pelo ex-ministro Paulo Macedo e pelos ministros socialistas que o antecederam, Leal da Costa especificou que o programa anterior não tinha "a menção explícita, como este tem, de dar um médico a todos os portugueses”.

Sobre a omissão da devolução dos hospitais às misericórdias, medida que constava do programa eleitoral da coligação Portugal à Frente (PaF) e que daria seguimento ao processo iniciado pelo anterior executivo e que já resultou na entrega de quatro unidades de saúde, o governante explicou que este processo foi retirado da “primeira linha” do programa do Governo porque, no conjunto das prioridades, esta não era seguramente a mais relevante”.

“Seria redundante estar a criar pressão”, até porque “podia ser alvo de uma leitura que não é correcta, de que estávamos a alienar património do SNS”, leitura que estava a ser feita pela oposição, nomeadamente pela líder do BE. “Catarina Martins neste momento fala como a primeira-ministra de um Governo que não se sabe se vai acontecer”, criticou, a propósito. O que havia para ser feito, acrescentou, “foi feito, com a devolução da gestão de quatro hospitais". 

 

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