Kiev diz ter capturado dois soldados russos no leste da Ucrânia

Os dois homens são alegadamente membros das forças especiais russas. Moscovo nega as acusações.

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Moscovo, Kiev e NATO têm trocado acusações sobre a presença de militares russos no leste da Ucrânia desde o início do conflito Valentyn Ogirenko/Reuters

O exército ucraniano anunciou ter capturado dois soldados russos, membros das Spetsnaz, as forças especiais de Moscovo, nos arredores da cidade de Shchastia, arredores de Lugansk, e coloca a possibilidade de os julgar por terrorismo. Os dois soldados foram alegadamente feridos numa operação militar próxima da frente de combate com os rebeldes pró-Rússia.

Moscovo negou as acusações de Kiev nesta segunda-feira e afirmou uma vez mais que não existem tropas russas a combaterem na Ucrânia. “Tanto eu como o ministro da Defesa dissemos já várias vezes que não existem soldados russos no Donbass”, o nome coloquial do Leste ucraniano, disse Dmitri Peskov, o porta-voz do Kremlin, citado pela Reuters.

Governo ucraniano e NATO acusam Moscovo ter enviado milhares de soldados do exército russo para combaterem o exército de Kiev no Leste do país, mas o Kremlin recusou sempre estas acusações.

Na semana passada, foram divulgadas as principais conclusões do relatório sobre a presença russa na Ucrânia em que trabalhava o político oposicionista russo Boris Nemtsov quando foi assassinado. Nemtsov, que documenta também as tácticas do Kremlin para mascarar a sua presença na Ucrânia, afirma que já morreram 220 soldados russos desde o início do conflito, em Abril de 2014.

Kremlin recusa também as mais recentes acusações de Kiev, mas nesta segunda-feira começou a circular um vídeo em que alegadamente surge um dos dois homens capturados pelos militares ucranianos, admitindo fazer parte do exército russo.

O homem identifica-se como Alexander Alexandrov e diz ser um sargento da terceira brigada das Spetsnaz, em serviço na Ucrânia. Afirma ainda que faz parte de uma equipa de 14 elementos sediada em Lugansk e que desde Março opera com incursões de quatro a cinco dias na zona de Shchastia, onde foi capturado.

No vídeo, que o diário britânico Guardian diz ter sido publicado no domingo por um deputado ucraniano, Anton Gerashchenko, mas que não foi ainda verificado por fontes independentes, o alegado soldado russo avançou ainda os nomes do comandante e outros responsáveis na sua brigada.

"Estes soldados eram parte de um grupo que cometeu actos com um objectivo terrorista, com armas nas mãos contra os nossos cidadãos", afirmou o chefe da segurança estatal ucraniana Valentin Nalivaichenko, citado pela Reuters.

O cessar-fogo imposto pelos acordos de Minsk tem sido repetidamente violado de parte-a-parte, sobretudo nos arredores de Mariupol. Como resultado, continuam a multiplicar-se as vítimas em ambos os lados, que se somam às mais de 6100 pessoas que morreram desde o início do conflito.

Ao longo do último dia, avançou nesta segunda-feira o Conselho de Segurança de Kiev, morreram dois soldados ucranianos e outros quatro ficaram feridos.  

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