Lucro da Jerónimo Martins cai 12,4% para 145 milhões

Polónia fica "abaixo das expectativas", Pingo Doce ganha quota de mercado.

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João Cordeiro

O lucro da Jerónimo Martins caiu 12,4% nos primeiros seis meses do ano, face a igual período do ano passado, para 145 milhões de euros, anunciou esta terça-feira a dona do Pingo Doce.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Jerónimo Martins adianta que as vendas e prestação de serviços subiram 7,2% para 6052 milhões de euros e o resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) recuou 2,3% para 341 milhões de euros. "A margem EBITDA foi de 5,6%", abaixo do ano anterior, "impactada pela forte deflação no cabaz, tanto na Polónia como em Portugal, pelo investimento em preço em todos os negócios de distribuição alimentar e pelos custos de arranque adicionais de seis milhões de euros na Ara e na Hebe", explica o grupo.

"Tanto na Polónia como em Portugal registou-se um declínio significativo no preço dos alimentos nos primeiros seis meses do ano. A Polónia registou uma inflação alimentar de 0,5% e em Portugal a deflação foi de -1,0%", adianta a empresa.

As vendas totais da cadeia polaca Biedronka cresceram 9,1% no primeiro semestre, para 4029 milhões de euros e a empresa continuou a aumentar a quota de mercado, "reforçando a sua posição de liderança no mercado polaco". No entanto, sem o efeito de novas aberturas (e encerramentos), as vendas na Polónia desceram 1,2%, devido ao efeito negativo da "redução de preço no cabaz". "O ambiente mantém-se altamente competitivo no retalho alimentar, com todas as grandes cadeias a investirem fortemente em preço através de campanhas promocionais", sublinha o grupo, que lidera o mercado.

A Jerónimo Martins adianta que foram inauguradas no mercado polaco 92 unidades nos últimos seis meses, e que passou a aceitar pagamentos com cartões. "Em meados de Junho, iniciámos a implementação da aceitação de cartões de pagamento nas lojas. No final de Junho, 1400 lojas já aceitavam este método de pagamento", diz a empresa.

No mercado português, "o sector do retalho alimentar permaneceu fortemente orientado para as promoções e o Pingo Doce continuou a oferecer descontos imediatos através das campanhas promocionais semanais. Apesar de um forte aumento da deflação, as vendas LFL ['like-for-like', vendas das lojas que operaram sob as mesmas condições nos dois períodos], excluindo combustível, cresceram 2,7% no segundo trimestre e 2,4% no primeiro semestre".

A cadeia de supermercados Pingo Doce reforçou a quota no semestre "com um crescimento de vendas de 2,6%", se for excluído o combustível, as vendas cresceram 3,1%, ascendendo a 1.556 milhões de euros. Durante este período foram inauguradas três novas unidades.

As vendas da grossista Recheio "mantiveram-se em linha com o mesmo período do ano anterior" e os novos negócios Ara (Colômbia) e Hebe (Polónia) foram responsáveis por vendas de 63 milhões de euros. "O desempenho de vendas nas lojas Ara está acima do plano, com um forte crescimento do número de clientes", adianta a empresa. A Ara foi inaugurada na Colômbia em Março do ano passado.

"O desempenho da Biedronka no primeiro semestre ficou abaixo das minhas expectativas e impactou os resultados do grupo", afirma o presidente do conselho de administração e administrador-delegado, Pedro Soares dos Santos, citado no comunicado. "Temos estado a tomar medidas na companhia com o objectivo de recuperar dinâmica de vendas 'like-for-like' e alavancar, para o futuro, na nossa actual posição de forte liderança de mercado", no entanto, "apesar destas acções terem um impacto nos resultados do ano em curso, continuo plenamente confiante na força competitiva e no potencial de crescimento da Biedronka", adianta.

Em Portugal, a rede Pingo Doce "teve um bom desempenho" no semestre, "crescendo acima do mercado", disse Pedro Soares dos Santos. "Estou particularmente satisfeito com o recente desenvolvimento da Ara", concluiu, Em termos de perspectivas para este ano, a empresa considera que o ambiente muito competitivo e a forte deflação alimentar "terão impacto na rentabilidade do grupo prevista para este ano". "Esperamos em 2014 uma evolução da margem EBITDA face ao ano anterior semelhante à registada no primeiro semestre deste ano", refere o grupo no comunicado.

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