Crise leva perto de 70% dos universitários a quererem emigrar

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Paulo Pimenta/arquivo

Um estudo realizado por associações académicas nacionais revela que quase 70% dos estudantes universitários admitem emigrar. Mas, se a crise económica os incentiva na procura por melhores condições de trabalho principalmente na Europa, a falta de informação sobre os países de destino pode ser um entrave.

Segundo o estudo “Mobilidade Profissional e a Internacionalização do Emprego Jovem”, que teve por base um inquérito realizado a 1751 estudantes de várias universidades, 69% dos alunos do ensino superior pretendem emigrar “em busca de melhores condições laborais”. A maioria destes alunos frequenta cursos nas áreas de Engenharia e Tecnologias e de Arquitecturas e Artes e têm médias de 13 e 14 valores.

Os países europeus estão entre os destinos mais procurados, mas a América do Sul também faz parte das opções dos universitários, “designadamente o Brasil”, lê-se no estudo divulgado esta terça-feira.

Os principais motivos apontados para a emigração são a inserção no mercado laboral e a procura por melhores perspectivas de emprego (877 em 2278 respostas) e ainda melhores condições salariais (617 respostas num total de 2278).

O estudo conclui ainda que 59% dos estudantes inquiridos considera que ainda não existem “mecanismos informativos sobre os diversos países” de destino, o que poderá constituir “uma clara ‘barreira’ à internacionalização do emprego jovem”. Apesar de procurarem oportunidades de trabalho no estrangeiro, 85% dos inquiridos afirmou que quer voltar a Portugal.

Os estudantes que preferem não emigrar fazem-no por identificação cultural e vínculos familiares a Portugal.

No que respeita aos programas de mobilidade internacional, os resultados indicam que 86% dos estudantes inquiridos não participou nestes programas. Quase metade (46%) não o fez devido a “condicionantes socioeconómicas”, sendo que o programa Erasmus tem apresentado um elevado número de desistências.

Se se poderia pensar que os estudantes que participam nestes programas estariam mais interessados em emigrar, o estudo conclui que não há qualquer relação entre estas variáveis.

As “alterações socioeconómicas resultantes da crise financeira” e o “ajustamento orçamental” que está a acontecer em Portugal são as principais razões apontadas para a eventual emigração pelos universitários inquiridos.

O inquérito foi realizado entre 14 de Maio e 16 de Junho a estudantes do ensino superior maioritariamente da faixa etária dos 20 aos 24 anos (63,6%) e frequentadores de uma licenciatura (68,40%). Segundo a Federação Académica do Porto (FAP), que recolheu e analisou os dados, a amostra é aleatória.

Os inquiridos são alunos na Universidade de Coimbra (38,3%), Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (23,7%), Instituto Politécnico de Coimbra (8,1%), Instituto Politécnico de Viseu (7,6%), Universidade do Porto (4,7%), Universidade de Aveiro (4,6%), Instituto Politécnico do Porto (3,8%), Universidade de Évora (1,6%), Universidade Portucalense (1,4%), Universidade Católica Portuguesa (1,0%) e outras instituições do ensino superior nacional (5,2%).

Os resultados do inquérito foram discutidos no domingo, 12 de Agosto, pelas associações académicas e de estudantes reunidas no Encontro Nacional de Académicas da Universidade de Trás-os-Montes e Altro Douro (UTAD).

Notícia actualizada às 12h06. Acrescenta informação sobre a metodologia do estudo.
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