Vamos começar pelo final da semana. Sexta-feira à noite chegou o veredicto do tribunal sobre a situação de Britney Spears. A cantora, ao fim de quase 14 anos debaixo da tutela do pai, reconquistou o poder sobre a sua vida pessoal e profissional. A jornalista Carla B. Ribeiro conta todos os pormenores deste caso que vai continuar a dar que falar, uma vez que ainda há vários assuntos pendentes.

No mesmo dia ficamos a saber que, neste domingo, está previsto que Isabel II volte à vida pública, para as celebrações do Domingo da Memória, dia em que se assinala a contribuição dos militares da Commonwealth nas duas Grandes Guerras. Contudo, a rainha de 95 anos não teve uma semana fácil. Também na sexta-feira foi anunciado que o braço direito do príncipe Carlos tinha abandonado as suas funções pois está envolvido num escândalo relacionado com doações.

Um dia antes, Harry, o neto da rainha, voltou a dar que falar pois revelou que terá avisado o empresário e dono da rede social Twitter Jack Dorsey, por correio electrónico, que a sua plataforma estava a ser usada para “organizar um golpe”. Isso aconteceu apenas um dia antes da invasão do Capitólio, em Washington D.C., EUA, no passado dia 6 de Janeiro de 2021, e que fez cinco mortes. Por seu lado, Meghan, a ex-actriz e mulher do príncipe, reconheceu que enganou o tribunal no caso da carta que terá trocado com o pai, com quem está desavinda. Um engano que não foi intencional, declarou.

Ainda no campo das famílias reais, a princesa Charlene do Mónaco está de volta a casa depois de ter passado grande parte do ano na África do Sul, país onde cresceu. O seu afastamento foi alvo de rumores de uma separação de Alberto, mas este nega.

Na terça-feira fomos surpreendidos com a notícia que Malala, a cara da luta pela educação das raparigas contra os taliban, casou. Há tempos, o prémio Nobel da Paz, de 24 anos, revelava algumas reservas em relação a este passo que acabou por dar. Ainda no campo das mulheres exemplares, a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, foi notícia porque estava a fazer uma comunicação via Facebook, em directo, e foi interrompida pela filha. Desde que Neve nasceu, há três anos, que a primeira-ministra tem mostrado ao mundo que um bebé não é um empecilho para governar, que é possível conciliar o trabalho com a maternidade.

Outra mulher exemplar é a professora norte-americana Keishia Thorpe que ganhou o prémio Global Teacher Prize de 2021 pelo trabalho com crianças imigrantes. O prémio tem o valor de um milhão de dólares (cerca de 871 mil euros). “Este prémio serve para encorajar quaisquer rapazinhos ou meninas negras que se parecem comigo, e qualquer criança no mundo que se sente marginalizada e tem uma história como a minha, que nunca sentiram que tinham importância”, afirmou Thorpe em resposta às perguntas da apresentadora da cerimónia, a actriz francesa Isabelle Huppert. “Temos de garantir que todos os estudantes têm a oportunidade de serem bem-sucedidos, sem leis ou política que lhes retirem essa possibilidade.”

E depois, temos as mulheres que continuam a ser vítimas da chamada cultura do patriarcado, como jovem a tenista Emma Raducanu que foi criticada pelo seleccionador de râguebi britânico — portanto, não foi sequer por alguém da sua modalidade — por ter vida social ou aparecer em capas de revistas, em vez de estar focadíssima no seu trabalho. Um par de ex-tenistas veio em socorro da jovem que soube defender-se também, mas as mais velhas vieram lembrar que “ninguém reclama quando são homens convidados a ir galas; é sempre algo atirado às mulheres”.

A actriz e modelo Emily Ratajkowski escreveu um livro, publicado nos EUA, onde recorda alguns momentos em que foi assediada, reflecte sobre a importância do seu corpo e reclama a necessidade de ser respeitada também pelas suas ideias. O dilema do corpo.

O corpo feminino que não está ainda desenvolvido e é já foco de atenção sexual. O documentário À Solta na Internet apanhou vários pedófilos e graças ao filme estão a decorrer 52 investigações. Os realizadores checos Vít Klusák e Barbora Chalupová mostram de forma crua a realidade vivida por milhares de crianças e adolescentes nas redes sociais na República Checa, mas que é um fiel retrato do que se passa por todo o mundo, Portugal incluído. O que faz as nossas crianças entrarem neste mundo, mesmo debaixo dos nossos narizes? Os especialistas explicam.

O corpo feminino que não é respeitado no processo de dar vida. A violência obstétrica não é uma novidade. Possivelmente muitas de nós fomos vítimas. Há uns meses, a Inês Meneses escreveu sobre “o toque”. Depois, fizemos um trabalho sobre o tema. Recentemente, a deputada independente Cristina Rodrigues apresentou uma proposta de projecto-lei com o objectivo de criminalizar a prática de violência de médicos e enfermeiros sobre mulheres durante a gravidez e parto. Entretanto, a Ordem dos Médicos divulgou um parecer onde aponta para inexistência de violência obstétrica. Ana e Isabel Stilwell dedicam a sua última Birra de Mães ao tema para dizer que isto não é uma invenção das nossas cabeças. Isabel Stilwell recorda como no início dos anos 1990 este foi um tema de um encontro da extinta revista Pais e Filhos, de que era então directora. Ou seja, é um problema que persiste e que precisa de ser reconhecido pelos profissionais de saúde. “Nascer em Portugal, dar à luz em Portugal pode vir a ser uma experiência muito mais positiva do que aquilo que é, e todos temos de trabalhar nesse sentido”, deseja Isabel Stilwell. 

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Boa semana!

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