Salamanca “eleva-se” a capital mundial do ensino superior

Na próxima segunda-feira, Salamanca vai servir de palco para o IV Encontro Internacional de Reitores Universia 2018 onde cerca de 600 altos representantes das instituições de ensino superior do espaço ibero-americano irão debater a transformação digital da sociedade e o seu impacto na universidade, bem como a inovação e o imperativo da internacionalização da formação universitária.

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O encontro contará com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e com o Rei de Espanha, Filipe VI. D.R.

O Rio de Janeiro passou o testemunho a Salamanca que irá acolher o IV Encontro Internacional de Reitores Universia 2018, evento que tem o seu início agendado para a próxima segunda-feira e será dirigido por Ana Botín, presidente do Banco Santander e do Universia. Durante dois dias de trabalho as mais de seis centenas de reitores e representantes académicos provenientes de 26 países vão debruçar-se sobre três temas-chave: “Formar e aprender num mundo digital”, “Investigar na Universidade, um paradigma em revisão” e “A contribuição da universidade no desenvolvimento social e territorial”. 

Ricardo Rivero Ortega, reitor da Universidade de Salamanca, explicou que as conclusões dos debates serão apresentadas num documento chamado “Declaração de Salamanca”, que apontará os objectivos do ensino superior e das universidades para os próximos anos. “Trata-se de marcar o caminho do futuro no ensino, pesquisa e compromisso com o desenvolvimento territorial”, disse. 

Aliás, o local para este encontro não podia ser mais apropriado, já que esta instituição de ensino superior celebra o seu 800º aniversário, sob o lema “Universidade, Sociedade e Futuro”. “A Universidade de Salamanca apresenta uma tradição académica de oito séculos. Muitas personalidades importantes da cultura ibérica foram ensinadas nas nossas salas de aula. As pedras de Salamanca transmitem mensagens de história e conhecimento. Hoje, seguimos esses exemplos memoráveis, permanecendo nas fronteiras do conhecimento com linhas de pesquisa muito avançadas em todos os ramos: biomedicina, humanidades, ciências sociais e jurídicas, engenharia”. Uma estratégia materializada nos centros de I&D extraordinariamente inovadores em campos fundamentais como as neurociências, a biologia funcional ou o cancro, apesar de, como salientou o reitor, igualmente preservarem espaços onde o ambiente é “mais clássico”. 


Tradição e inovação 

Num mundo altamente digitalizado e numa sociedade em plena transformação, o papel das instituições de ensino superior é crucial. Ricardo Rivero Ortega considera que a própria universidade se está a adaptar à transformação digital pelo que, ano após ano, aumenta as suas propostas de formação combinadas, bem como utiliza novas tecnologias para melhorar os resultados do processo de aprendizagem. “Podemos e devemos acompanhar essa transformação dos meios, mantendo os princípios e valores do humanismo no ensino, evitando os riscos desumanizantes a que as tecnologias da informação nos podem levar”. 
Por essa razão, Ricardo Rivero Ortega considera os debates na universidade “muito importantes” em novas ferramentas que mudarão a forma de gerir o conhecimento, como por exemplo o Big Data. “Também temos que incorporar essas tecnologias na nossa administração”, mencionou ao jornal Público. 

Aumentar alunos internacionais 

Um objectivo prioritário para o reitor é aumentar o número de estudantes internacionais, sejam ibero-americanos, europeus, bem como de outras nacionalidades. “As universidades devem estar abertas ao mundo, receber estudantes e professores brilhantes de todos os países. Devemos ser pontes culturais entre sociedades próximas e distantes. Da mesma forma, devemos continuar a fornecer o serviço público de acesso ao ensino superior, garantindo a igualdade de oportunidades”. 
Basicamente, Ricardo Rivero Ortega admite que a Universidade de Salamanca se une aos objectivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas. “Em particular, ao objectivo que defende uma educação inclusiva em todos os estágios de formação. Devemos também contribuir para a equidade e protecção do meio ambiente”. 


A universidade o serviço da sociedade

Com uma oferta académica internacionalmente reconhecida como “de alta qualidade”, nos rankings de procura da Universidade de Salamanca são valorizados os cursos de Biologia, Filologia, Tradução, Farmácia e Medicina. “As nossas capacidades em ciências sociais, ciências humanas e ciência básica são notáveis, mas também temos uma boa engenharia”, comentou o reitor. 
Quanto à universidade do futuro, para Ricardo Rivero Ortega só faz sentido se estiver “ao serviço da sociedade”, oferecendo uma excelente formação para jovens e pessoas que desejem continuar a adquirir habilitações intelectuais por toda a vida e investigar para criar conhecimento que realmente sirva para o progresso. “Espero que continue a ser uma instituição democrática, na qual tanto professores quanto estudantes e outros funcionários possam participar dos processos de tomada de decisões expressando a sua opinião”. 

O reitor, que assumiu o cargo em Novembro do ano passado, assumiu como prioridade o crescimento da universidade nos seus indicadores mais significativos: número de alunos, projectos de pesquisa, oferta de diplomas e relações internacionais. “O VIII Centenário abre oportunidades de visibilidade institucional que podem promover esses resultados”.