Conservação da natureza
A natureza olha-nos nos olhos: os finalistas do Wildlife Photographer of the Year
Depois de vários dias de chuva intensa e constante na ilha de Amaknak, no estado norte-americano do Alasca, Klaus Nigge descobriu o alvo da sua próxima fotografia. No porto que existe nesta localidade, as águias-carecas são visitas habituais, convidadas por vontade própria em busca dos restos da indústria pesqueira. O fotógrafo alemão deitou-se de barriga para baixo na praia e aguardou. A águia ia bicando as sobras. Nigge olhava-a apenas através da sua lente “para evitar contacto visual directo” e ela foi-se aproximando. Tanto que o fotógrafo conseguiu um retrato em close-up do animal, que o olhava de forma inquisidora.
Esse olhar vai-se repetindo ao longo de várias das fotografias finalistas do Wildlife Photographer of the Year, um concurso de fotografia de natureza organizado pelo Museu de História Natural de Londres. Reproduz-se no esgar de uma cria de tigre de Sumatra salva de uma armadilha onde ficou presa durante quatro dias e que levou à amputação de uma das suas patas. Ou nos misteriosos olhos que se escondem no interior das bocas de três peixes-palhaço (na verdade são parasitas crustáceos que se alojam nesta parte do corpo destes animais, como explica o autor da fotografia, o chinês Qing Lin). Os animais colocam-nos assim na posição que habitualmente lhes é reservada: a de observados. Sobretudo num período em que as ameaças aos seus ecossistemas são sobejamente conhecidas.
É por isso que, ainda que afirme que as fotografias finalistas são seleccionadas pela sua “criatividade, originalidade e excelência técnica”, a organização do concurso salienta que estas “imagens mostram a extraordinária diversidade de vida do nosso planeta”, bem como “a importância de planear um futuro mais sustentável”.
Na edição deste ano foram avaliadas quase 50 mil candidaturas, tanto de profissionais como de amadores, oriundas de 92 países. As fotografias finalistas vão estar em exibição a partir de 20 de Outubro no londrino Museu de História Natural, três dias depois de o grande vencedor ser anunciado. Após o final da exposição, agendada para a Primavera do próximo ano, a mostra irá percorrer o Reino Unido e outras partes do mundo.