Um arquivo online — e para o futuro — dos Azulejos do Porto

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De quando em quando, passam o dia a calcorrear o Porto à procura de azulejos. O equipamento é simples: olho de lince, de apurado sentido gráfico, uma câmara fotográfica DSLR e... corda aos sapatos. A conta de Instagram @azulejosporto, produto das deambulações da designer gráfica Alba Plaza, de 35 anos, e da produtora cultural Marisa Ferreira, de 37, pretende ser um "arquivo dos desenhos dos azulejos que cobrem as fachadas" dos edifícios da cidade. Por estes dias nela residem mais de uma centena de padrões, recolhidos "por carolice", diz Marisa, "por amor à arte", acrescenta Alba. Tudo começou quando a designer madrilena chegou ao Porto, onde agora vive, e começou a reparar nos azulejos que cobriam fachadas por completo. "Em Espanha, são mais decorativos, não há prédios inteiros só com azulejos, ficava sempre a olhar e a pensar 'isto é mesmo giro'", conta, ao telefone com o P3. Daí a perceber que não existia nenhum arquivo online com os desenhos foi um passinho — ou muitos, que já houve muitas ruas percorridas. O método é sempre o mesmo: fotografar um azulejo isolado, replicar o padrão numa grelha de 4 por 4 no computador, publicar no Instagram com a devida indicação geográfica ("Se alguém quiser passar e ver como fica o azulejo colocado.") Com o tempo, o projecto foi ganhando seguidores (mais de 2600) e, quiçá, responsabilidade. "Queremos conservar este património que é possível que se perca no futuro", evidencia Alba. Por isso, para além desta "cópia digital" online, têm uma parceria com a Az Infinitum, a Rede de Investigação em Azulejo da Universidade de Lisboa, que tem ajudado na catalogação das peças. Está também online o site Os Azulejos do Porto, permanentemente em construção, onde estão disponíveis as fotografias do Instagram, e não só: em breve estará a funcionar uma loja online que irá vender impressões em papel, mas também réplicas "fiéis" e de boa qualidade dos azulejos fotografados. Para isso, a dupla entrou em contacto com fábricas portuguesas especializadas na produção, encontrando-se agora em fase de testes para chegar a uma "forma de reprodução a preços acessíveis", realça Marisa. Este sábado, 6 de Maio, celebra-se o primeiro Dia Nacional do Azulejo, uma proposta do Projecto SOS Azulejo para sensibilizar a sociedade para a protecção deste património. E, com uma efeméride destas, há algum desejo em especial? Responde Marisa: "Que conservem os azulejos. Que não reconstruam os edifícios e retirem-nos — alguns vão para o lixo — ou ponham réplicas que não têm nada a ver. É um crime." Está dito.