Temir é o mais jovem fotógrafo de guerra na Síria

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O turco Furkan Temir tem agora 21 anos, mas foi aos 19 que decidiu embarcar na aventura que alterou para sempre a sua percepção do mundo. Foi em Outubro de 2014 que Furkan partiu, secreta e voluntariamente, em direcção à fronteira da Turquia com a Síria. Soldados turcos, em conjunto com os aliados norte-americanos, expulsavam então as forças do Estado Islâmico da cidade síria de Kobani enquanto uma avalanche de refugiados invadia a Turquia. "Quando cheguei à fronteira e vi o que estava a acontecer, senti uma enorme responsabilidade", disse Temir ao P3 em entrevista por email. Munido de um saco-cama e de uma câmara fotográfica, Termir fotografou a situação na fronteira durante 12 horas por dia. Inicialmente, queria contar uma história sobre refugiados, mas o contacto com as pessoas no terreno fê-lo mudar de ideias. Em Novembro de 2014, o Estado Islâmico ganhou território e a batalha desenrolava-se junto à fronteira, onde Temir, acompanhado de centenas de outros civis, teve oportunidade de assistir. À Lens Blog do NY Times, o jovem turco admite ter sido um dos momentos mais estranhos da sua vida, aquele em que pôde assistir à guerra ao vivo, diante de si, à vista desarmada. Foi apenas em Abril de 2015 que Furkan Temir se atreveu a atravessar a fronteira e a instalar-se em Kobani. As forças do Estado Islâmico estavam em retirada, mas a cidade era agora uma pilha de escombros que escondia corpos e bombas por detonar. "Eu sou uma testemunha de guerra desde muito pequeno", disse ao P3. As memórias que traz de Kobani, no entanto, "são como balas", "mais dramáticas do que bombas", descreve. A guerra não o amedronta. "A Turquia é, para todos os efeitos, um país do médio oriente. No meu país decorre há 30 anos um conflito étnico entre turcos e curdos e a Síria ou o Iraque ficam à distância de uma curta viagem de autocarro." Furkan considera-se um "storyteller"; um fotojornalista. "Desde pequeno que assisto à guerra e sempre tive a certeza de que algum dia tentaria mudar algo." As suas fotografias são o seu contributo. Versão inglesaAna Marques Maia