As imagens são cortesia de Bénédicte Desrus.

Na Cidade do México existe uma residência que alberga ex-trabalhadoras do sexo em idade avançada. Chama-se Casa Xochiquetzal, mas as residentes chamam-lhe "hotel de cinco estrelas". Dentro do edifício, em La Mercedes, na zona histórica da capital mexicana, coabitam 26 ex-prostitutas que a autora das fotografias Bénédicte Desrus (que o P3 entrevistou) descreve como "mulheres muito fortes e independentes", com "muita dignidade e um excelente sentido de humor". "Las Amorosas Más Bravas" - ou "Tough Love", na versão inglesa - é co-assinado pela escritora Celia Gómez Ramos e compila 6 anos de fotografias e testemunhos das residentes da Casa. As histórias de vida são longas e atribuladas. Há desde ex-lutadoras de 'lucha libre' a ex-presidiárias, mulheres que foram vítimas de abusos e violência, que consumiram drogas ou alcóol; quase todas tiveram filhos, mais do que dois maridos, e a relação com as famílias é convulsa. Actualmente, segundo Bénédicte, "elas fazem dinheiro com a venda de tabaco, dvds, roupas... Algumas ainda trabalham, mas são muito poucas. Há regras na residência, não podem, por exemplo, trazer alcool ou drogas ou homens. Têm de pedir permissão para sair." Em geral, as residentes de Xochiquetzal são pouco dadas a regras. Victoria, por exemplo, gosta de sair. "Quando me dizem que vivo numa casa de respouso respondo-lhes 'terei muito tempo para repousar debaixo dos torrões!'". Sempre foi dada a festas, fala "como um marinheiro" e tem um olho de cada cor. "Elas têm um forte instinto de sobrevivência sabem defender-se", diz a fotógrafa. Parte do lucro gerado pelas vendas de "Las Amorosas Más Bravas" reverte a favor da Casa Xochiquetzal e pode ser adquirido através do contacto directo com as autoras, via email. Ana Maia