Eles trocam lixo reciclável por pouco dinheiro

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Há muito que o fotógrafo espanhol Javier Arcenillas tinha vontade de desenvolver um projecto na América do Sul e "CityHope", série fotográfica e o livro, nasceram da concretização desse desejo. "CidadeEsperança" narra, na verdade, histórias de vida de homens, mulheres e crianças pouco tocados pela sorte ou pela esperança: o seu quotidiano consiste na recolha de lixo à base de papel, plástico, metal ou vidro, no seu transporte e troca por dinheiro nos centros de reciclagem. Arcenillas fotografou estes colectores na Guatemala e República Dominicana. "Desde meados dos anos 90 que as regiões periféricas das grandes capitais, que fazem geralmente fronteira com aterros sanitários, passaram por uma transformação radical", diz o fotógrafo ao P3. "Hoje em dia são muitas as famílias que vivem da recolha e reciclagem de resíduos descartáveis, a sua sobrevivência económica depende dessa actividade. Em zonas como La Esperanza, na Guatemala, La Duquesa, na República Dominicana, em Manágua ou Acahualinca, as comunidades dedicam-se e estão adaptadas à recolha de resíduos em aterros sanitários. Estas pessoas vivem dentro do lixo e dos resíduos de uma cidade. Em Acahualinca, nos subúrbios de Manágua, na Nicarágua, são as mulheres e as crianças que mais tempo dedicam a este trabalho. Para eles não existe nenhuma solução mais rápida ou melhor para o seu futuro." Não existem diferenças assinaláveis quer nas condições de vida quer no quotidiano dos trabalhadores colectores dos dois países. As condições de vida desta população são muito precárias: vivem, segundo o fotógrafo, em colónias de casas pré-fabricadas onde não existe saneamento básico, cercados de ratos e odores nauseabundos. "É muito normal ver crianças desnutridas devido às lombrigas a pedir alimentos que os pais não lhes podem dar por viverem em pobreza extrema e não há solução política que faça alterar essa situação". Javier Arcenillas realizou "CityHope" em colaboração com a organização "Médicos do Mundo". O fotógrafo ganhou uma menção honrosa com o projecto "LatidoAmerica" no concurso POYLatam (Pictures of the Year of Latin America), na edição de 2015. Ana Maia