Filipe desenhou uma casa para Fernando Pessoa... nos Açores

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A ideia partiu de um concurso da OpenGap: criar uma casa para uma personalidade à escolha, num lugar também à escolha. Filipe Paixão, arquitecto de Lisboa, escolheu Fernando Pessoa — e conseguiu o terceiro lugar na competição. "Quis testar como seria, de facto, colocá-lo (a ele e aos heterónimos) num contexto diferente, em ambientes que, por exemplo, o 'mestre' Alberto Caeiro descrevia na sua poesia", explica ao P3 Filipe, de 26 anos. "Era uma espécie de final alternativo para a biografia de Pessoa, imaginá-lo a concretizar a fuga que dizia desejar". Porquê os Açores? "Na Terceira havia não só esse ambiente — além de um certo sentido de isolamento que a ideia de ilha sugere — como também registos de que ele a visitava com frequência a pretexto de ver familiares da parte materna", conta. O jovem idealizou um muro que, "num gesto contínuo, se dobra sobre si mesmo criando um jardim encerrado, aberto apenas para o céu". Gradualmente, este muro "vai ganhando espessura para poder conter os espaços habitacionais do próprio Pessoa, assim como para os seus três heterónimos principais (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis)". "Para cada um foi desenhada uma habitação essencial capaz de, espacialmente, traduzir e exaltar as suas personalidades." AMH