"Venezuela, 3 de Setembro de 1973". Está escrito numa carta maltratada que começa "meus queridos e sempre lembrados" — na "única carta encontrada naquela casa", contou ao P3 Nuno Gonçalves, fotógrafo madeirense que encontrou aquela casa na extrema ponta Oeste da ilha da Madeira enquanto fazia um levantamento documental sobre o fenómeno do abandono "lento e silencioso" naquela ponta da ilha. Aquela casa, fotografada poucos dias depois do incêndio de Julho de 2012, é uma cápsula do tempo. A parte pelo todo. "Através de um pano de fundo severo, o fotógrafo regista os transtornos da pobreza extrema, da crença religiosa fanática, do fenómeno rural da emigração, da morte e do abandono. Cada um dos espaços e dos objectos retratados parece contar uma história dentro de uma história. No entanto, e não havendo quem as confirme, permite-se o direito ao enigma, desde a sua origem até o destino final", lê-se na apresentação da exposição "Memórias do Esquecimento - Venezuela, 3 de Setembro de 1973" — patente na FNAC Madeira até ao dia 3 de Maio. L.O.C.