O mínimo para ir mais longe

Uma Mini: Um pires de caracóis, um jogo de mini-golfe, um livro de bolso e uma curta-metragem. Parece pouco?

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É nas pequenas coisas que encontramos o máximo prazer. Seja pela efemeridade do acontecimento, seja pela raridade do acto, seja pelas sensações passageiras que se inscrevem para sempre na nossa memória. Sensações que não só queremos repetir como nos fazem ser grandes, pois crescem com o passar do tempo. E como o tempo tem contornos cíclicos, tal como as estações do ano se sucedem, é preciso agarrar o momento, esse mini-momento que é, afinal, o presente.

Diz-se de Portugal que é um país pequeno. Poderíamos compará-lo com a Suíça, o Luxemburgo ou a Áustria para percebermos que geograficamente somos, de facto, maiores. Mas tal como as pessoas, os países e os momentos de felicidade não se medem aos palmos. E Portugal é um jardim das delícias no que toca a pequenos prazeres que se eternizam no presente. Em tempo de férias, quando o calor aperta, imagine-se num oásis alentejanos feito de 15 minutos de música num coreto, enquanto se refresca com uma Sagres mini. No palco improvisado para o efeito, o som de uma viola campaniça acompanha o cante alentejano enquanto se emociona com o seu grupo de amigos.

Ou então, mais a norte, onde o litoral é fresco, aprecie uma sessão de cinema ao ar livre ou passe meia-hora do seu serão num cineteatro e assista a uma curta-metragem. Menos pode ser sempre mais: quando no final de um filme trocamos impressões com um desconhecido, ao sair do escuro da sala, sobre uma, duas ou três curtas que nos ocuparam
menos de uma hora e nos deixaram com vontade de mais um pequeno prazer, como ir beber um copo com um amigo.

Na manhã seguinte, porque não procurar o Algarve e encontrar a sua praia. Aquela onde, por dentro, as conchas são maiores do que as ondas. Pequenas parecem, por fora, mas cabem junto ao ouvido e encerram o oceano lá dentro. Nada melhor do que o pequeno prazer de selecionar, recolher e trazer numa rede um molho de conquilhas que se espalham entre grãos de areia na mesa de uma esplanada onde o calor aperta e tudo o que apetece é ficar ali para sempre.

Para os mais urbanos, ou gulosos, outras são as delícias que se perfilam na montra de uma pastelaria tradicional. Miniaturas de pastéis de nata, bolas de Berlim, éclairs? Encontre-as na Versailles, em Lisboa, no café Majestic, no Porto, ou na Brasileira de Braga. São grandes os prazeres que cabem num prato de sobremesa.
Para os apreciadores de espaços abertos na natureza, o Gerês ou a Zambujeira do Mar, convidam a levar uma pequena, uma reduzida, uma mini-tenda canadiana que se pode transformar a partir de dentro num palácio imensurável que abre para um terraço sem fim, onde se pode saborear um fim de tarde perfeito depois de um, dois ou três jogos de matraquilhos.

E, sobretudo, onde quer que se encontre, um livro de bolso pode ser o companheiro ideal para uns minutos de leitura em que a sede literária pode ser saciada. O que nos faz tão grandes? As coisas mini.