Directora Pedagógica do Colégio Jardim Infantil Pestalozzi
Se é importante dar atenção às crianças, é relevante não as transformar no centro do mundo, sob pena de não as estarmos a ajudar a crescer nem a preparar para lidarem com a realidade.
Com esse culto do desempenho, coloca-se as crianças, demasiado cedo, em situação de competição, que valoriza a performance, antes de o processo de desenvolvimento estar suficientemente consolidado.
Regressar ao passado ou imaginar o futuro não resolvem o presente, nem colocam na linha o meu “corpo marca branca”. Mas dá-me vontade de rir para com os meus botões.
Sem nome e sem tempo, os pais sentem que passaram a orbitar em torno do seu filho, que muito amam e a quem querem dar o melhor do mundo, proporcionando-lhe uma educação o mais completa possível, para que possa ter as melhores oportunidades na vida.
Na Europa, vivemos um longo período de paz. Ao contrário das gerações mais velhas, que ainda se lembram da guerra, as gerações mais novas naturalizaram a paz. Quando algo se afigura como um dado adquirido, deixamos de lhe dar atenção.
É que explicar as motivações de uma guerra às crianças implica contrariar todos os valores que andamos a tentar transmitir-lhes, como a tolerância, a empatia, o respeito pelo outro, o diálogo e a solidariedade.
Andamos a vender às nossas crianças a ideia falaciosa de que aprender não implica esforço por parte do sujeito que aprende. Fazemo-las acreditar que a aprendizagem tem de ser divertida.
Neste tempo em que vivemos, o que poderá significar preparar as crianças para serem bem-sucedidas? Qual a importância de aprenderem a lidar com o novo, com o diferente e com o surpreendente?
Os pais não desejam que os filhos sofram. E é natural que assim seja, pois a dor dos filhos magoa-nos mais do que o nosso próprio sofrimento.
Desejar dar uma boa educação aos filhos é positivo. Mas, quando essa vontade de parentalidade esclarecida leva a pensar demasiado e retira a espontaneidade na relação com as crianças, será que é assim tão benéfica?
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