Transpira demasiado? Atenção que pode ser uma condição médica

Milhões de pessoas no mundo sofrem desta patologia que afecta as suas vidas, todos os dias, e que é possível de tratar com a ajuda médica. Venha descobrir o que é a hiperidrose.

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Certamente que já viu alguém sofrer por manifestar uma transpiração (sudorese) anormal e que fica visível através de grandes marcas na roupa. Ao contrário do que se possa pensar num primeiro momento, a situação em nada tem que ver com questões de higiene. Esta é uma patologia real, diagnosticada em cerca de 150 mil portugueses e em cerca de 3% da população mundial, e que se chama hiperidrose – uma condição médica que se caracteriza pela transpiração excessiva devido à sobre-estimulação das glândulas sudoríparas. Sem que saibamos, é uma condição que afecta gravemente a vida social e emocional das pessoas.

As manifestações da hiperidrose são variáveis: pode ser apenas nas palmas das mãos, axilas, planta dos pés ou rosto, sendo esta chamada de hiperidrose primária ou focal; ou pode manifestar-se um pouco por todo o corpo, naquilo a que se designa de hiperidrose secundária ou generalizada, e está associada a condições médicas como a diabetes, o hipertiroidismo, a obesidade, alguns tipos de cancro e infecções, ou até à toma de certos medicamentos.

Mas como é feito o diagnóstico? O primeiro passo é sempre uma conversa em que são colocadas inúmeras questões à pessoa sobre o seu histórico de saúde, os sintomas existentes e a sua recorrência, e também o histórico familiar para compreender se se trata de uma questão hereditária.

Depois disso, o médico pode ainda pedir alguns exames complementares (ao sangue e à urina)​, bem como recorrer a outras técnicas de medição como a gravimetria ou o teste termo-regulatório de suor. Este consiste na aplicação de um pó sensível à humidade na pele da pessoa que depois é sujeita a altas temperaturas para se determinar a gravidade da hiperidrose.

Tenho hiperidrose. E agora?

Com o diagnóstico feito, são vários os tratamentos que podem ser indicados, uns mais invasivos do que outros, e até mudanças comportamentais que ajudem no controlo da sudorese excessiva.

Alguns exemplos de tratamentos são os antitranspirantes, indicados em casos mais leves, e que podem ser aplicados nas várias zonas do corpo sob a forma de roll on, loção ou através de toalhetes. Caso estes não resultem, há outras opções. Entre elas, e indicado pelo seu médico, estão os medicamentos anticolinérgicos tópicos que são capazes de reduzir eficazmente a produção de suor.

Também existem outras técnicas e tratamentos, como a aplicação de toxina botulínica – comummente conhecida como botox. Este tratamento tem, no entanto, um tempo limitado de actuação, o que exige uma reaplicação periódica.

Há também diversos tratamentos orais, como os anticolinérgicos, e a iontoforese, um tratamento não evasivo e no qual são aplicadas correntes eléctricas de baixa intensidade na zona afectada, com resultados que podem ser imediatos.

A última via de tratamento, e a mais invasiva, é a cirurgia. Na simpaticectomia torácica – a intervenção cirúrgica para o tratamento da hiperidrose – as fibras do sistema nervoso responsáveis pela transpiração em excesso são removidas. É um processo rápido, com um tempo de recuperação reduzido, e com efeitos positivos e imediatos na vida e na rotina da pessoa.

O impacto social, físico e psicológico de uma patologia (muito pouco) conhecida

O evitamento, o embaraço e o desconforto são sentimentos constantes de quem convive diariamente com a hiperidrose. A culpa e a vergonha são também recorrentes por acharem que a patologia é uma falha enquanto indivíduos e que deviam conseguir controlá-la. Todos estes sentimentos negativos têm impactos devastadores na saúde mental e podem levar a quadros de ansiedade, depressão e stress crónico.

Há quem altere as suas rotinas, ou deixe de praticar o seu hobbie preferido. Há quem evite escrever porque a caneta escorrega, ou tente ao máximo não abrir portas para não as deixar marcadas. Num quadro de transpiração excessiva, o toque é evitado a todo o custo, seja num aperto de mão ou num toque íntimo. Psicologicamente, comportamentos como estes – medidos a todo o instante – deixam grandes marcas.

É também por este impacto que a busca rápida de aconselhamento médico é importante pois permite iniciar o tratamento, diminuir os sintomas e, assim, melhorar substancialmente a qualidade de vida. Esta é, portanto, a boa notícia para quem convive com a hiperidrose: o seu médico pode ajudá-lo a encontrar a solução que melhor se adequa ao seu caso. Procure-o.