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Chuva não dá tréguas na China: "águas mil" inundam várias cidades no Sul e expulsam milhares de pessoas

Este fim-de-semana, o Sul da China foi fustigado por fortes chuvas, que só param no fim do mês. Há já quatro mortos e 11 desaparecidos. Os habitantes estão a abandonar as casas, que ficam submersas.

Casas submersas após fortes chuvas, em Qingyua Tingshu Wang / REUTERS
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Casas submersas após fortes chuvas, em Qingyua Tingshu Wang / REUTERS

Desde quinta-feira, as cheias na província de Guangdong, no sudeste da China, foram já responsáveis por quatro mortes e 11 desaparecimentos, seis dos quais na cidade de Jiangwan, perto de Shaoguan, zona montanhosa onde, devido à chuva, estão a acontecer deslizamentos de terra. As vítimas mortais ficaram encurraladas e foram encontradas sem vida. Existem já equipas de resgate a remover a população em perigo dessas zonas. 

Na província de Guangdong habitam mais de 105 milhões de pessoas, e mais de 82 mil já foram retiradas das suas casas. Algumas habitações já foram mesmo submersas pela chuva, que não cessa. No sábado, uma ponte desabou devido à velocidade da corrente da água. Há estradas cortadas, mas os habitantes continuam a circular através de bicicletas ou motas até onde as inundações lhes permitem. Guangdong insere-se numa das dez regiões com mais população do mundo, a Delta do Rio das Pérolas, onde também fica a cidade de Foshan, igualmente atingida pela catástrofe. 

“Os meus campos de arroz estão totalmente inundados, desapareceram”, contou Huang Jingrong, um morador com 61 anos da cidade de Qingyuan, à Reuters. "Não vou ganhar dinheiro este ano, vou ter prejuízos", disse, garantindo que perderia em 2024 o equivalente a cerca de 13 mil euros. O agricultor viu-se obrigado a abandonar a sua casa, e estava abrigada sob um viaduto, com outros moradores da cidade, que antes de sair levaram consigo vários pertences, desde mobília a uma máquina de lavar. 

Noutras zonas de Qingyuan, as equipas de resgate enfrentaram águas à altura do pescoço para resgatar moradores, incluindo uma idosa presa num prédio com água à altura da cintura, conta a Reuters. Há quem espere o fim das chuvas nos andares mais altos, mas as previsões não são animadoras, e parece que a chuva vai continuar até ao final do mês.

Em toda a província, 36 casas desabaram e 48 ficaram gravemente danificadas, resultando numa perda económica directa de quase 140,6 milhões de yuans (cerca de 18 milhões de euros), comunicou a agência noticiosa chinesa Xinhua, ainda que à Reuters duas empresas tenham garantido que não sofreram, por agora, impactos directos. Segundo a Reuters, vários cientistas lembram que esta região não costuma ser atingida por chuvas tão intensas e associam o fenómeno às alterações climáticas.

Residentes da zona afectada tiveram de abandonar as suas casas, trazendo consigo a mobília
Residentes da zona afectada tiveram de abandonar as suas casas, trazendo consigo a mobília Tingshu Wang / REUTERS
Morador de Qingyua a lavar as botas na água das cheias
Morador de Qingyua a lavar as botas na água das cheias Tingshu Wang / REUTERS
Há estradas cortadas, mas alguns moradores circulam dentro dos possíveis, com motas e bicicletas
Há estradas cortadas, mas alguns moradores circulam dentro dos possíveis, com motas e bicicletas Tingshu Wang / REUTERS
Huang Jingrong, morador na zona das cheias, circula com um barco preso no carro
Huang Jingrong, morador na zona das cheias, circula com um barco preso no carro Tingshu Wang / REUTERS
Há estradas completamente submersas no Sul da China
Há estradas completamente submersas no Sul da China Tingshu Wang / REUTERS
Em Fuyuan, um carro é engolido por água que se movimenta a alta velocidade, num vídeo que circula nas redes sociais desde dia 19
Em Fuyuan, um carro é engolido por água que se movimenta a alta velocidade, num vídeo que circula nas redes sociais desde dia 19 Vídeo obtido pela Reuters / VIA REUTERS
Alguns residentes circulam de barco e tentam salvar os seus pertences
Alguns residentes circulam de barco e tentam salvar os seus pertences Tingshu Wang / REUTERS