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Amplas liberdades

Acabámos de saber da já esperada morte lenta de Alexei Navalny, de 47 anos, preso numa confortável cadeia da Sibéria, onde as temperaturas rondam a média de -30ºC. Este ainda jovem russo era o principal opositor político de Vladimir Putin, tendo sido alvo de perseguições e de envenenamento, que é o modo preferido para eliminar adversários. Assim não fosse no apelidado país de amplas liberdades, mormente por todos os que defendem tais liberdades fundamentais. Também em Portugal, as nossas amplas liberdades democráticas têm na Justiça o ponto fundamental para libertar todo o peixe graúdo, ilibando-o de tudo, ou deixando prescrever o que nunca deveria ser arrastado no tempo. Portanto, as amplas liberdadesdão para tudo: para matar e deixar a monte tanto patife de topo.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

Navalny, exemplo de coerência

Alexei Navalny foi um daqueles homens para quem a coerência sempre valeu mais do que tudo e, por isso mesmo, está morto. Em nome dessa coerência, regressou à Rússia vindo da Alemanha, onde tinha sido salvo, depois de em 2020 ter entrado em coma após ter sido envenenado com um produto químico. Navalny estava actualmente preso numa cadeia no Círculo Polar Árctico, em Yamalo-Nenets, onde as temperaturas negativas são extremas. Morreu talvez assassinado, dado que é a forma normal que as ditaduras usam para matar quem tenta, mesmo com risco consciente da própria vida, defender a liberdade. Foi agora o que aconteceu na Rússia, tal como já tinha acontecido em Portugal com o general Humberto Delgado, que foi morto pela PIDE em 13 de Fevereiro de 1965, perto de Olivença, onde se tinha deslocado para uma reunião com opositores ao governo de Salazar. Dois exemplos de coerência e duas vítimas de ditaduras que só sabem matar. Alexei Navalny e Humberto Delgado devem sempre ser recordados por quem ama a coerência e a liberdade e em sinal de respeito e de admiração profundos por quem se dispõe a oferecer a própria vida pela liberdade. Liberdade sempre, fascismo nunca mais!

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

Em memória de Alexei Navalny

Alexei Navalny sempre denunciou o regime opressor de Vladimir Putin. Tinha um espírito democrático e desejava transparência e democracia para a Rússia. O ditador Putin tentou envenená-lo. Não o conseguiu, mas conseguiu encarcerá-lo sob o vago pretexto de ter cometido fraude. Putin temia-o porque Navalny era um político aberto, esclarecido, ocidentalizado. Morreu ontem, 16 de Fevereiro, numa prisão remota a cerca de 60km do Círculo Polar Árctico. Sabe Deus o que se passaria nessa prisão. Tinha apenas 47 anos. A vida, muitas vezes, é madrasta e injusta para as pessoas. O Mal (com letra maiúscula) personificado por Putin, que tem as mãos sujas de sangue, abateu cobardemente um opositor indefeso e abandonado só porque este lhe fez frente e desejava liberdade e democracia. Paz à sua alma.

António Cândido Miguéis, Vila Real

Desunir

Era uma vez uns burocratas de secretária que nunca andaram de transportes públicos e resolveram regulamentar e distribuir esse serviço de passageiros pelos municípios da Área Metropolitana do Porto, desprezando os antigos operadores privados. A rede Unir prometia mobilidade aos cidadãos, mas com o passar do tempo transformou-se em Desunir: atrasos, carreiras por cumprir, supressão de horários e falta de informação, infernizando a vida de muita gente. Uma associação de municípios de direito público não pode dividir autarquias nem criar assimetrias regionais entre territórios da mesma área.

Emanuel Caetano, Ermesinde

A terra sangrenta e o grau zero da vida humana

A guerra contra os habitantes de Gaza, executada metodicamente, de norte para sul e de leste para oeste, empurra os seus habitantes, velhos e velhas, crianças, bebés, e também adultos, que não pertencem ao Hamas, e que obedecem, em fuga até ao outro lado do rectângulo de concentração, a servir de campo de tiro. Não há fuga para o Egipto. Não se pode respirar, beber, comer e dormir em paz. Morre-se, ou espera-se a morte. Quando acaba o sacrifício na Terra Santa? E porque se calam os que são cruzados noutras paragens?

José Manuel Jara, Lisboa

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