Cartas ao director

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Comentadores de política

De uma semana para outra surgem dúzias de comentadores como já vai sendo hábito: com a pandemia não se imaginava que houvesse tanto conhecedor dos problemas das viroses, depois, com a queda do Governo, novos, numerosos e esclarecidos comentadores apareceram a debitar; agora, com as eleições, mais uma vez aparecem personagens a dar opinião. Mas o curioso é que muitos desses que falam nas rádios e TV têm por hábito dizer que não vêem os debates entre os líderes políticos porque não têm paciência nem tempo, mas vêm depois comentar o que eles disseram. Se não viram ou ouviram os debates, como é que sabem o que neles foi discutido (e têm a lata de o afirmar)? E também há quem afirme, até ilustres “professores”, que os debates não servem para nada — isto é muito criticável para quem é democrata: não podemos assistir a todos, mas escolhemos aqueles que nos interessam. Os debates, já sem os comícios de outros tempos, são a única forma de o povo conhecer o que cada partido pretende, é o cerne da democracia. Basta de tanta arrogância, autopromoção. São os populistas do regime quem aproveita com estas posições dúbias de pessoas “influentes”.

Fernando Santos Pessoa, Faro

Marçal Grilo tem toda a razão

Excelente artigo de Marçal Grilo [edição de segunda-feira], a denunciar aquilo que se está a passar nesta campanha eleitoral para as eleições de 10 de Março. Além da pobreza franciscana dos debates, sem conteúdo, piora francamente com os comentários posteriores, e até ao disparate dos comentários anteriores aos debates. Não concordo nada com esta espécie de wrestling político, com muita encenação e muito pouca verdade.

Seria preferível debates temáticos com protagonistas de cada partido especialistas nos temas a discutir, para sabermos o que pensam fazer quando e se chegassem ao poder. O que vemos é penoso e muitas vezes ficamos com vergonha alheia do que ouvimos. Esta percepção é transversal a todos os partidos.

É nesta altura que penso que o voto em branco deveria ser contabilizado ou a existência de um círculo eleitoral de compensação que representasse os muitos milhares de portugueses, como eu, que têm muita dificuldade em escolher entre aqueles que se apresentam a escrutínio. Cada vez mais vamos ser governados por alguém que representa, na realidade, uma pequena parte da população — 25%, na maioria dos casos, e isto não é bom para a democracia.

António Lamas, Montijo

João e o pé de feijão

Os debates políticos televisivos têm sido de uma pobreza franciscana. O verbo “prometer” é rei e senhor, parecendo que Portugal é o país mais rico da União Europeia. De um momento para o outro, tudo se vai resolver. Professores, forças policiais e reformados vão nadar em dinheiro. No entanto, ainda não ouvi falar no aumento do bullying escolar. Ou não sairão das escolas os futuros políticos? O salário mínimo é o bombo-de-festa. Até 2026 vai crescer, crescer, fazendo lembrar o conto de fadas João e o Pé de Feijão.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Trump é a desgraça dos EUA

É com espanto que se assiste, cada vez mais, ao que se passa na política norte-americana. Que justiça é aquela que tarda em julgar um ex-Presidente justamente apontado, mas sem convicção evidente pelos decisores, por ter atentado contra a segurança dos EUA ao incitar um assalto ao Capitólio na tentativa de impor a vitória numas eleições que o reconduziriam como inquilino da Casa Branca, mas que ele perdeu sem aceitar que tal tivesse acontecido? E o que faz uma justiça que permite que alguém, apesar de fortes suspeitas, vindas desse e de vários outros ângulos, se candidate de novo? E qual o papel da Administração Biden, que, não escondendo vulnerabilidades, prova que não consegue dominar a situação, antes é trucidada por ela? Entretanto, Trump vai continuando a fazer ameaças e não esconde os seus conluios com Putin e até que ponto poderão fazer das suas contra a Ucrânia, contra países da NATO ou contra quem mais se atravessar no seu caminho.

Trump anseia que a Rússia o entenda como aliado, pelo que as perspectivas são péssimas e não se vêem soluções à vista, bem pelo contrário!... Atónito, o mundo pressente que Trump é a desgraça dos EUA, que, por sua vez, se mostram incapazes de lhe fazer face.

Eduardo, Fidalgo, Linda-a-Velha

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