Cartas ao Director

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A incrível justiça que temos

A detenção dos arguidos no processo da Madeira há já quase três semanas (?) é uma afronta aos ideais dos homens que levaram a cabo a deposição do Estado Novo, pois nesses anos, aí sim, era normal os presos políticos estarem detidos pela DGS semanas a fio sem verem a luz do dia.

Eram tempos de ditadura e, ao que penso, vivemos em democracia, pelo que o que está a acontecer no Tribunal de Instrução Criminal é vergonhoso, e, ao que parece, não vejo os nossos políticos, a começar pelo PR, este jurista, a pronunciarem-se sobre este assunto.

Por outro lado, o estado de saúde de Ricardo Salgado, que choca qualquer pessoa, independentemente dos crimes que lhe são imputados, não deveria merecer um especial cuidado por parte das autoridades judiciais?

Que país é este? Estarão todas as instituições de cabeça perdida e ninguém diz basta?

Para onde vamos e como chegámos aqui?

Que 25 de Abril vamos celebrar, com cravos vermelhos ou com gravatas pretas?

Manuel Alves, Lisboa

Impunidade

Tenho várias vezes escrito para esse jornal, porém em vão, pois as cartas não são sistematicamente publicadas.

Volto, no entanto, a escrever, porque é doloroso para toda a gente (julgo eu) continuar a ver imagens sobre os ataques selvagens e desumanos dos israelitas na Palestina. Nota-se, aliás, um ódio irracional aos palestinianos cuja “culpa” é a de viverem desde sempre nas suas terras, na Palestina! Os israelitas foram lá “colocados” no pós-guerra para limpar a culpa da comunidade internacional (ingleses em particular) no fechar os olhos ao início do nazismo, que tentou eliminar os judeus da face da terra (não é tão parecido com o que Israel faz agora com os palestinianos?).

Quando acaba esta loucura israelita?

Helena Azul Tomé, Lisboa

Efeito borboleta

A minha mãe, uma jovem septuagenária, mencionou a uma amiga a primeira carta que publiquei neste jornal. Jovem como ela, tem uma vida ocupada, e não compra nem lê jornais ou livros. Mas leu a carta com interesse, fez comentários pertinentes, e exigiu as posteriores. Andam os recortes do jornal de cá para lá.

Mergulhando na corrente natalícia, decidi presentear. Pensei em Saramago n’O Memorial do Convento; em Lídia Jorge n’O Cais das Merendas; em Eça n’O Crime do Padre Amaro. Optei por um tesouro faraónico a 5 euros numa livraria Loja com História de bairro: Os Contos Orientais, de Marguerite Yourcenar.

Dois meses passados e foi um triunfo. Lidos com muito gosto e comentados um a um. Irá gostar de Rebecca, de Daphne du Maurier?

Maria Afonso, Lisboa

O triunfo dos (porcos) eurocratas

Os Países Baixos lideraram a revolta dos agricultores contra a nova PAC, Política, Agrícola, Comum. O chamado Pacto Verde para a proteção do ambiente, da biodiversidade e no aumento da superfície ecológica.

Esse novo pacto resultou na proibição de determinados pesticidas e fertilizantes, na redução das áreas de cultivo, cortes em várias subvenções e nos subsídios ao gasóleo agrícola. Interditam-se inúmeras quintas (só na Holanda 3000) e na Alemanha por causa dos efeitos do metano na atmosfera.

Ao mesmo tempo há um acordo recente com o Mercosul, o qual permitiria a entrada na UE de centenas de toneladas de produtos pecuários como carne bovina, suína e de aves domésticas sem pagarem direitos aduaneiros ou com tarifas reduzidas.

Como o sector primário está muito enraizado na cultura e no modo de vida dos Países Baixos, a revolta popular foi de tal magnitude que o candidato da extrema-direita venceu nas legislativas. O “Brexit” foi o primeiro aviso à coesão e à navegação da UE, mas como somos uns idiotas úteis nas mãos destes burocratas de Bruxelas, também aqui o sr. Putin deverá ter as costas largas para todos estes últimos devaneios europeus.

Fernando Ribeiro, S. João da Madeira

O Orçamento do Estado

Seria previsível que os Orçamentos de Estado fossem o documento mais importante durante os anos de cada legislatura. Mas, para os partidos políticos, parece não ser bem assim.

Quando o PS diz alto e bom som que vai chumbar o Orçamento do PSD nos Açores, sem sequer o ter lido, quer dizer que independentemente do valor do dito OE, numa atitude de quero posso e mando, só o "meu" OE é que é bom!

Este radicalismo leva a que os votantes percam a noção de democracia que todos os partidos juravam defender, mas que não querem cumprir.

E depois queixam-se da abstenção elevada e do aparecimento de partidos com ideias cada vez mais radicais.

Duarte Dias da Silva, Foz do Arelho

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