Benfica fecha o ano a golear e a sofrer

“Encarnados” triunfam por 3-0 sobre o Famalicão e sobem, provisoriamente, ao primeiro lugar do campeonato.

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Rafa, um golo e duas assistências Reuters/RODRIGO ANTUNES

Pode uma goleada ser sofrida? Pode. A resposta está no que aconteceu nesta sexta-feira, na Luz, em que o Benfica teve um triunfo robusto por 3-0 sobre o Famalicão no seu último jogo do ano, mas, entre o primeiro e o segundo golos, os “encarnados” concederam múltiplas oportunidades ao seu visitante do Minho. O empate, contudo, nunca chegou e a vitória ficou fechada com mais dois golos nos últimos minutos, com o Benfica a subir, provisoriamente, ao primeiro lugar, com 36 pontos, e pode entrar em 2024 nesse lugar se o Sporting (34) não vencer, neste sábado, em Portimão.

Alguns tiveram férias, outros tiveram de trabalhar. O Benfica foi a jogo sem os seus dois campeões mundiais e Roger Schmidt mudou um pouco em relação ao que costuma ser o habitual. Sem Otamendi, manteve-se Araújo no eixo da defesa, sem Di María, Tiago Gouveia foi para a ala, e sem o lesionado Tengsted, Arthur Cabral iria ter mais uma oportunidade no “onze”, mês e meio depois de ter sido titular pela última vez. Era isto que o técnico alemão tinha preparado para o último jogo do ano e para confirmar a retoma evidenciada nos últimos tempos.

O Famalicão, por seu lado, apresentava-se na Luz com o desejo de retomar o caminho das vitórias, depois de dois empates e duas derrotas, uma delas frente aos “encarnados” para a Taça, num jogo em que até deixou boas indicações, apesar de ter ficado sem nada. João Pedro Sousa deu indicações para dividir o jogo com o Benfica e não ficar à espera que lhe caísse alguma coisa no colo, mas não o conseguia fazer mais do que alguns minutos de cada vez.

Quando o Benfica compreendeu o caminho para ultrapassar a pressão alta dos minhotos, tomou conta do jogo. João Neves estava em todo o lado, Kokçu sabia o que fazer com a bola nos pés e Rafa acelerava com propósito. Não era uma avalanche ofensiva, mas era uma franca superioridade benfiquista que só teve expressão no marcador aos 31’.

Tudo começou em João Neves, que dominou a bola ainda no seu meio-campo junto à linha lateral, tirou um defesa do caminho e desatou a correr. Depois, passou a bola a Rafa, que acelerou para a área e esperou pela aproximação de dois adversários antes de meter para Cabral. O brasileiro só teve de encostar para o 1-0, naquele que foi o seu primeiro golo no campeonato pelos “encarnados” – já tinha marcado na Champions e nas duas taças.

O golo era um desenvolvimento natural do que o jogo estava a mostrar. Mas era curto para o Benfica descansar e não era nada de irrecuperável para o Famalicão. A segunda parte foi bem diferente porque os temerários minhotos, que não tinham nada a perder, foram para a frente e deixaram o campeão nacional em apuros. Logo no primeiro minuto da segunda parte, Mirko Topic quase aproveitou um passe disparatado de António Silva para fazer o empate, mas o remate saiu rasteiro.

Neves ainda teve a possibilidade de fazer crescer a vantagem aos 56’ – Luiz Junior defendeu. Seguiu-se um período de enorme aflição para os “encarnados”, em que o Famalicão teve, pelo menos, quatro grandes oportunidades de empatar, uma que bateu no poste e duas detidas pelo enorme Trubin. Aos 60', Chiquinho surgiu isolado na área benfiquista, mas perdeu o duelo com o guardião ucraniano. Aconteceu o mesmo aos 65' com Fonseca, e, aos 72', foi Youssouf a acertar no poste com um belo remate de longe. No mesmo minuto, Gustavo Sá teve um cabeceamento que falhou o alvo por pouco.

Passado o sofrimento, os “encarnados” avançaram para uma vitória robusta, aproveitando o tudo por tudo do Famalicão que deixava pouca gente junto à sua baliza. E é neste ambiente que prospera um jogador como Rafa, eficiente como poucos a conduzir em corrida. Aos 85’, o 27 do Benfica fez o 2-0, após passe de Musa e, em cima dos 90’, foi o avançado croata a fechar os números do triunfo, após passe do mesmo Rafa. No final do seu 300.º jogo pelo Benfica, após ser eleito o melhor em campo, Rafa, nem sempre o mais amado pelos adeptos, desabafou em jeito de despedida: "É disto que vou ter saudades."

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