“Os números do PSuperior vêm contrariar a ideia de que os jovens não lêem jornais”

No Dia da Literacia Mediática, o PSuperior debateu a responsabilidade social e o papel da informação jornalística na formação para a cidadania e deu início a um novo capítulo do projeto.

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O auditório do PÚBLICO foi palco de dois debates sobre a importância da informação junto dos alunos do ensino superior tiago alves
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Com o PSuperior, queremos “incentivar a uma leitura do mundo que se funde com boa informação e não com a ‘água inquinada’ que é a desinformação”. Foi assim que David Pontes, director do PÚBLICO, deu início aos debates organizados para assinalar o Dia da Literacia Mediática e ao arranque da 5.ª (e nova) edição do PSuperior.

“Os nossos números do PSuperior vêm contrariar a ideia de que os jovens não lêem jornais”, afirmou Manuel Carvalho, jornalista do PÚBLICO. Se forem “estimulados” e se tiverem “condições de acesso garantidas”, os jovens aos quais se destina este projecto interessam-se pela leitura de informação, desenvolvendo um hábito que contribui para uma “cidadania mais activa” e para o aumento da literacia mediática.

É por todas estas razões e não só que o projecto continua a contar com o apoio de empresas que contribuem para o financiamento das assinaturas do jornal nos estabelecimentos de ensino superior. “Uma sociedade livre, bem informada, é mais justa, democrática e próspera. Permitir aos jovens adultos que tenham acesso a informação livre [através do PSuperior] é contribuir para que estes se tornem melhores cidadãos e é fazer um contraponto à corrente de informações que provêm de fontes pouco credíveis”, explicou Vasco Teixeira, CEO da Porto Editora.

E, apesar de nesta edição do PSuperior se terem juntado às universidades os institutos politécnicos, a descentralização do projecto foi uma das melhorias sugeridas por Lucinda Lopes, vice-presidente do Conselho de Administração da Fundação INATEL, no debate que juntou vários parceiros desta iniciativa. Já Mário São Vicente, director de Relações Institucionais e Responsabilidade Social da Fidelidade, pediu que o PSuperior começasse a “estimular a participação dos jovens” nas redacções do jornal. “Gostava muito que o PÚBLICO ensinasse os alunos a gerar conteúdos de informação.”

Vasco Teixeira destacou a falta de visibilidade da iniciativa, que merece ser mais conhecida, não só pelos estudantes como também pelas empresas, que podem vir a querer apoiar o projecto. Francisca Buccellato, head of brand da Communications & CSR da NTT DATA Portugal, acrescentou que a divulgação do PSuperior deveria ser feita directamente dentro das universidades e dos politécnicos.

"Devíamos também tentar estar mais próximos daqueles que apoiamos, conhecê-los, escutá-los, dialogar, dar rosto e voz aos nossos destinatários”, declarou por sua vez Maria do Céu Ramos, administradora executiva da Fundação Eugénio de Almeida.

No debate conduzido por Manuel Carvalho, ex-director do PÚBLICO, esteve também um dos assinantes do PSuperior. O estudante Tomás Neves de Almeida reforçou que a principal dificuldade do projecto é “chegar aos alunos”. “A chave é colocar esta informação nas mãos certas”, disse, sugerindo que o acesso às assinaturas gratuitas deveria ser partilhado através dos professores, por exemplo, e não por emails institucionais.

A mesma ideia surgiu já durante o segundo debate da tarde, com Tiago Rosário, presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior de Comunicação, a contar que o papel da informação jornalística e a desinformação não foram assuntos tratados nas suas aulas até chegar ao ensino superior. “É importante passarem-nos essa capacidade de entendermos o que é credível e o que não é, e onde podemos aceder a boa informação.”

O papel da informação jornalística na formação para a cidadania foi o tema do segundo debate. Para Carlos Eugénio, director-geral da Visapress, tende-se a desvalorizar o valor da informação jornalística credível e, como tal, vê-se diariamente a “distribuição de conteúdos ilegais”. “Para nós, isso é o pior que pode acontecer, porque [as pessoas] estão a desvalorizar o trabalho jornalístico e estão a colocá-lo ao nível da desinformação”, adicionou.

Para combater a desinformação e preservar a qualidade dos conteúdos, tanto a Google como a IPG Mediabrands Portugal decidiram tornar-se patrocinadoras do PSuperior (que conta ainda com o apoio da Fuel), que assim se junta a um conjunto de iniciativas nesta área. A IPG Mediabrands Portugal trabalha com parceiros globais e locais para assegurar mecanismos de filtragem de conteúdos para “impedir que as marcas sejam associadas a conteúdos falsos e violentos”, referiu Alberto Rui Pereira, CEO da organização. Já a Google criou o NewsLab, uma equipa que desenvolve projectos de literacia mediática e combate a desinformação, e apoia outras iniciativas de literacia mediática, como a European Media and Information Fund (EMIF).

Texto editado por Rita Ferreira

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