Executivo do Porto preocupado com possível despedimento colectivo no JN, “a voz do Norte”

Vereadores solidários com os profissionais do Global Media Group e em particular com os do Jornal de Notícias, que poderá perder 40 jornalistas.

Foto
Jornal de Notícias poderá perder 40 jornalistas, quase metade dos que actualmente fazem o diário Paulo Pimenta
Ouça este artigo
00:00
02:54

"É com tristeza e preocupação que assisto a esta situação." O presidente da Câmara do Porto abriu a reunião do executivo desta segunda-feira com uma declaração sobre a situação do Global Media Group, e em particular com a do Jornal de Notícias, que estão sob a ameaça de um despedimento colectivo. Os vereadores subscreveram a preocupação e mostraram-se solidários com os trabalhadores do grupo que detém outros órgãos de comunicação como o Diário de Notícias, a TSF ou O Jogo.

“Não querendo interferir na liberdade empresarial, assisto com muita preocupação às últimas informações que apontam para um despedimento colectivo na Global Media de 150 funcionários, em particular ao despedimento de 40 profissionais do Jornal de Notícias”, apontou Rui Moreira, sublinhando a importância do jornal centenário para a cidade e a região.

A notícia, que chegou às redacções da Global Media no dia 23 de Novembro através de um comunicado da administração, surpreendeu, também, o presidente da Câmara do Porto. Desde logo porque o JN se tem destacado pelos “dados muito positivos” em termos de circulação média e audiência online. A administração, criticou, quer despedir jornalistas “do título que sempre deu dinheiro ao grupo, do título que é líder de audiências em vários segmentos, do título que sempre fez História no Porto, na região e no país".

A vereadora socialista Rosário Gambôa juntou-se à declaração de Rui Moreira e sublinhou a “cobertura importante” que o JN tem na cidade e na região, considerando-o mesmo “a voz do Norte”.

É “o último jornal diário que há no Norte”, acrescentou Ilda Figueiredo, da CDU, destacando a importância de os vereadores se mostrarem solidários com esta situação, que põe em causa o pluralismo e a democracia.

Maria Manuel Rola, vereadora do BE, sublinhou que "um jornal não se faz sem jornalistas". Este despedimento, de quase metade da redacção do Jornal de Notícias (são 90 jornalistas), vai “alterar a forma” como o jornal funciona. "Estamos totalmente solidários com a greve dos jornalistas", acrescentou.

Já o vereador Alberto Machado apontou impacto que este despedimento teria na "qualidade deste meio de comunicação” com um “papel histórico” na cidade e região.

Para Rui Moreira, a questão da sustentabilidade da comunicação social carece de um debate mais profundo. O autarca considera que seria importante, por exemplo, que “a legislação em termos de contratação pública permitisse que os municípios pudessem contratualizar com jornais da sua terra, não estando sujeitos a regras tão apertadas de contratação pública”.

A redacção do JN - que recentemente abandonou o seu edifício histórico e se mudou para uma zona mais perférica da cidade - mantém o pré-aviso de greve para quarta e quinta-feira, uma vez que a administração continua a não esclarecer as questões colocadas pelos trabalhadores no dia 24 de Novembro.

A petição "Somos JN - Em defesa do Jornal de Notícias, do jornalismo e das pessoas", que contesta este despedimento colectivo e argumenta que o mesmo significará “a morte” do jornal centenário do Porto, conta com quase cinco mil subscritores.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários