Retrato real de Velázquez pode bater o recorde em leilão do mestre espanhol

Isabel de Bórbon, retrato da rainha consorte de Filipe IV de Espanha, vai a leilão em Fevereiro. A Sotheby’s antecipa que atinja os 32 milhões de euros; o recorde anterior é de 15,5 milhões.

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Isabel de Borbón foi pintado em meados da década de 1620, mas Velázquez voltou a ele entre 1631 e 1632 Sotheby's
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Será um acontecimento no mundo leiloeiro. Há 50 anos que uma obra de Velázquez com a relevância deste retrato real, Isabel de Borbón, Rainha de Espanha (1632), não aparecia no mercado. Em 1970, Juan de Pareja, arrematada por 2,68 milhões de euros, tornou-se à época a mais cara pintura alguma vez leiloada. Agora, a Sotheby’s de Nova Iorque, que levará Isabel de Borbón à praça em Fevereiro, acredita que o quadro que retrata a mulher de Filipe IV de Espanha (III de Portugal) baterá o recorde do mestre espanhol, fixado em 2007 por Santa Rufina nos 15,5 milhões de euros – a leiloeira espera agora mais do que duplicar a fasquia, atingindo os 32 milhões de euros.

Nascida em 1602, filha de Henrique IV de França e de Marie de Médici, Isabel de Borbón casou aos 13 anos com o futuro Filipe IV de Espanha, III de Portugal, no período da União Ibérica. Na corte espanhola encontraria Velázquez, que se tornou o pintor oficial da casa real em 1624. É nesse contexto que o grande mestre da Idade de Ouro pinta este retrato.

Com dois metros de altura, mostra a rainha de pé, envergando um vestido escuro com corpete em bico, a mão direita apoiada nas costas de uma cadeira, a esquerda a segurar um leque fechado. Velázquez fixa a popular rainha na sua segunda década de vida – o retrato foi primeiro executado em meados da década de 1620, mas o artista voltaria a ele em 1631, deixando-o tal como o conhecemos hoje no ano seguinte.

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Isabel de Bórbon, de Diego Velázquez Sotheby's

“Ainda que Velázquez fosse já amplamente celebrado quando pintou esta obra, encontramo-lo aqui num momento de transformação”, sublinha, em comunicado, Christopher Apostle, o responsável internacional da Sotheby’s para a pintura dos Mestres Antigos – As Meninas, a mais célebre obra de Velázquez, chegaria em 1656.

Isabel de Borbón cuja mãe, Marie de Médici, fora objecto de um ciclo de retratos de Rubens (24 pinturas que contam a sua vida, e que actualmente se encontram no Louvre, em Paris), mas que mostrava grande relutância em posar para os pintores viu o quadro de Velázquez ser pendurado no palácio do Bom Retiro, nos arredores de Madrid, ao lado do retrato que o mestre fizera do seu marido, Filipe IV de Negro. Ali ficaria durante mais de século e meio, até ser levado para França em 1808, uma das muitas obras pilhadas durante as invasões napoleónicas.

Exposto na Galeria Espanhola do Louvre, o retrato seria vendido em leilão, no final de década de 1830, ao mercador inglês Henry Huth, em cuja família se manteve até 1950. Segundo a Sotheby’s, os seus últimos proprietários tê-lo-ão adquirido em 1978.

Neste momento, a pintura está exposta na Sotheby’s de Londres, onde permanecerá até dia 6 de Dezembro. Posteriormente, será transportada para Nova Iorque, onde integrará o leilão de pintura dos Mestres Antigos marcado para dia 1 de Fevereiro.

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