Euro 2024: um sorteio com armadilhas e incógnitas

Portugal será cabeça-de-série entre os 24 participantes no Euro 2024 e pode até nem ficar a saber todos os seus parceiros de grupo.

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Roberto Martínez, seleccionador de Portugal EPA/MIGUEL A. LOPES
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Ainda não estão todos apurados, mas não interessa: o sorteio da fase final do Euro 2024 vai acontecer esta tarde, em Hamburgo (a partir das 17h), com 21 dos 24 lugares preenchidos, sendo que os restantes três apurados virão de um play-off a realizar entre 21 e 26 de Março do próximo ano. Ou seja, Portugal, que está neste sorteio como cabeça-de-série, poderá nem ficar já a conhecer a totalidade dos seus adversários na fase de grupos deste torneio que a Alemanha vai receber. Mas já sabe que estar no Pote 1 o protege de ficar agrupado com alguns dos favoritos, como a França, a Espanha ou a Inglaterra. Mas não de todos, na verdade — quem diria que uma selecção como a dos Países Baixos estaria incluída no Pote 3, ou que o campeão europeu Itália estaria no 4?

Portugal é cabeça-de-série porque foi a melhor equipa da fase de qualificação — somou dez vitórias em dez jogos, um feito inédito para a selecção portuguesa, a única com um apuramento perfeito, a que juntou o melhor ataque (36 golos marcados) e a melhor defesa (dois sofridos). Os parceiros de grupo são a França, Espanha, Bélgica, Inglaterra e Alemanha, que é cabeça-de-série por ser o país anfitrião — se fosse pelo momento actual do seu futebol (16.ª do ranking FIFA), talvez estivesse num pote mais abaixo.

Seguindo pela ordem dos potes, o 2 tem quatro repetentes de 2020 e dois regressados. Oito anos depois, a Albânia vai estar pela segunda vez na fase final de um Europeu, depois de vencer um grupo que contava com Polónia e República Checa, orientada pelo primeiro treinador não europeu da sua história, o brasileiro Sylvinho, tendo Doriva, antigo médio do FC Porto, como adjunto. Também oito anos depois regressa a Roménia, que passou invicta pela fase de qualificação.

Entre os repetentes deste pote, destaque maior para a Dinamarca, uma selecção experiente e com jogadores de muita rodagem nos principais campeonatos europeus – o benfiquista Bah e o sportinguista Hjulmand já são internacionais, Tengstedt talvez vá pelo mesmo caminho, ele que tem vindo a ganhar protagonismo no Benfica. E, claro, nunca será de desprezar as outras selecções do pote 2, como a Hungria, a Turquia e a Áustria.

O Pote 3 apresenta um antigo campeão europeu (Países Baixos), uma selecção vice-campeã mundial em 2018 e seminalista em 2022 (Croácia) e as duas metades de um país que já não existe e que também foi campeão europeu (República Checa e Eslováquia). Os neerlandeses serão, talvez, a maior surpresa neste pote, mas sofreram no apuramento por terem a França no mesmo grupo. Quanto aos croatas, o médio Luka Modric continua a ser o líder e não é preciso dizer mais nada.
Itália

No Pote 4, está uma selecção que todos vão querer evitar, a Itália. Entre os dois Mundiais que falhou, a “squadra azzurra” foi campeã da Europa em 2021, mas também teve um apuramento acidentado, apenas fechado na última jornada com um empate em Leverkusen, frente à Ucrânia. A equipa que Luciano Spaletti (rendeu Roberto Mancini no cargo) tem tentado levantar do chão será sempre um perigo, tal como selecções como a Sérvia ou a Suíça, que também caíram para o Pote 4.

Todas as 21 selecções confirmadas no Euro 2024 são repetentes. Os estreantes podem vir dos play-off que irão decidir os restantes apurados — e, entre as 12 selecções repescadas para estas eliminatórias adicionais, estão cinco que nunca foram a um Europeu. Três delas estão agrupadas na mesma chave (C), Geórgia, Luxemburgo (que se defrontam nas meias-finais) e Cazaquistão, que terá a Grécia pela frente. Na chave A, a Estónia terá uma tarefa complicada perante a Polónia, enquanto no outro jogo haverá um País de Gales-Finlândia. Na chave B, Israel é o potencial estreante, tendo de defrontar a Islândia em campo neutro por causa da guerra em Gaza — no outro jogo, a Bósnia recebe a Ucrânia.

Tudo isto para dizer que a selecção orientada por Roberto Martínez, apesar de entrar no sorteio como cabeça-de-série, não está de todo livre de integrar um “grupo da morte”, tal como aconteceu no Euro 2020 — estava no pote 3 e ficou no mesmo grupo de Alemanha, França e Hungria.

Por exemplo, um grupo que viesse a juntar Portugal, Dinamarca, Países Baixos e Itália iria merecer logo essa designação.

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