Cartas ao director

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Obras no Porto

Há dias, fomos acordados por uma proclamação do presidente da Câmara do Porto, em que constava que a Metro está proibida de iniciar novas obras no Porto até estas estarem concluídas. Palavras sábias que pecam por tardias.

Há, afinal, alguém a refrear a omnipotência e a voracidade da Metro. Não contente com o campo de batalha aberto na Praça da Liberdade, Mouzinho da Silveira e Praça da Galiza, resolveu infernizar de vez a vida e a paciência dos portuenses, atacando tresloucadamente duas das avenidas mais nobres da cidade, a da Boavista e a do Marechal Gomes da Costa, tornando o trânsito na zona ocidental um autêntico pandemónio, com vias interditas, sentidos obrigatórios, impossibilidade de as cruzar, etc.. É, ao que dizem, para o MetroBus, entidade mítica que ninguém ainda percebeu o que é.

Só falta agora o golpe de misericórdia: a Ponte Ferreirinha (a D. Adelaide, não os vinhos) que tem como finalidade, além de poluir a belíssima paisagem do Douro terminal, pôr um eléctrico a passar de 15 em 15 minutos, com 30 pessoas a bordo, gastando 450 milhões e para tanto mandando para o desemprego nove pessoas que trabalhavam numa estação de serviço e preparando-se para criar não um, mas dois sarapatéis nas marginais do Porto e Gaia. Valha-nos Deus!...

José Eduardo Guimarães, Porto

De milagres está o Inferno cheio

Não é este o texto que eu gostaria de escrever. Nos tempos que correm, olho para o mundo e sinto-o tão irresponsável e criminoso como nunca. Como escreveu Pacheco Pereira aqui no PÚBLICO, em 4/11/2023, “de pouco valem as palavras”, pelo que “a tentação de ficar calado é grande”. Não basta já de guerras e dos seus mandantes?

Preferiria espraiar-me sobre a afirmação de Paul Krugman de que “Portugal é uma espécie de milagre económico”. O problema é que se o Prémio Nobel só compreende a nossa realidade económica com recurso à mistificação sobrenatural, eu não vejo onde é que está o “milagre”. Admito que lhe era impossível conhecer o artigo da jornalista Patrícia Carvalho, que nos divulgou, na edição do passado dia 28, o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, 2018-2023, do Instituto Nacional de Estatística. Se o conhecesse, Krugman, inteirando-se de que “a taxa de risco de pobreza em Portugal voltou a subir”, “o peso das transferências do Estado desceu” e as “desigualdades aumentaram”, talvez compreendesse, à luz da ciência terrena, com que “boas intenções” se conseguem os resultados que tanto o impressionaram.

Para não sair do panorama devoto, oxalá todos os “santinhos” nos livrem da areia que prestidigitadores como Milei e Wilders eficazmente lançaram para os olhos dos seus eleitores. É que também temos por cá “mágicos” desses, mas os objectivos deles só são compatíveis com o agravamento dos problemas que se comprometem a resolver.

José A. Rodrigues, Vila Nova de Gaia

O voto da frustração

Os eleitores europeus têm vindo a depositar a sua confiança ao longo de décadas nos seus representantes políticos do “centrão”. Contudo, vão-se sentindo gradualmente defraudados devido a múltiplos factores que vão desde a alegada má gestão dos dinheiros públicos até à admissão descontrolada de imigrantes, passando por uso de cargo político para favorecimentos. Além de protestos variados, descarregam a sua frustração pela confiança traída também nas urnas. Os eleitores portugueses estão agora a preparar-se para consolidar idêntica atitude nas próximas eleições. Muitos dos efeitos colaterais do menos mau dos regimes políticos poderiam ser dirimidos ou amenizados para evitar esta desenfreada corrida ao voto da frustração. Esses efeitos estão há muito identificados. Aproveitem a campanha eleitoral para propor planos que os debelem. Terão a resposta a 10 de Março.

José M. Carvalho, Chaves

Foi-se

Com a aprovação do OE2024 na AR, o Governo PS, com maioria absoluta, “terminou” o seu mandato. Foram tantos os imbróglios e por de mais pontos negativos governativos que levaram a esta situação vexatória. O povo, em casos deste calibre, diria que “foi dar pérolas a porcos”, uma vez que o Governo tinha todas as ferramentas para airosamente chegar ao fim da sua legislatura.

Mas não, meteu-se por atalhos e maus caminhos, sem que o seu chefe – António Costa – evitasse tão negativa actuação, pese embora o período pandémico, em que esteve à altura dos acontecimentos, mas com o extremo denodo dos profissionais de saúde. Hoje, o país está em muitos maus lençóis, sem sabermos quem, em Março 2024, irá reverter tanta e continuada desordem institucional e profissional.

Há já meio século que vivemos em alternância governativa, mas cheia de abundantes vícios. Portanto, já é tempo do surgimento de alternativas válidas que limpem tanta podridão acumulada nas escadas de todos os poderes.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

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