Desta vez, sim! Vitória notável de Portugal

Notável vitória contra Fiji, como resultado do melhor jogo de sempre da selecção de Portugal! Desta vez, os “lobos” mostraram uma qualidade colectiva de primeiro nível, com uma coesão que ainda não tinham mostrado - cada movimento mostrou-se eficaz com o surpreendente apoio de jogadores não esperados que, agora sim, fizeram jus ao sentimento colectivo que não tinham conseguido mostrar no Mundial de râguebi 2023 contra georgianos ou contra 13 australianos.

Desta vez, ao contrário das anteriores onde parecia valer mais a exposição de capacidades do que a eficácia do uso da bola, o objectivo esteve claro nas mãos, cabeça e pés dos generosos “lobos”: usar as qualidades da equipa para vencer o jogo! E de novo Samuel Marques - que já nos tinha colocado no Mundial com o pontapé final contra os USA - veio e depois de um jogo ao pé tacticamente muito assertivo, definir um 24-23 de maravilha, colocando-nos à frente da Geórgia e com a imagem inesquecível da primeira vitória num Mundial. E, com a vitória, o acesso - melhor lugar de sempre - ao 13º lugar do ranking da World Rugby…

A defesa esteve brilhante, conseguindo compensar sempre as 77 ultrapassagens da linha de vantagem e limitando o acesso à área de 22 a 11 hipóteses - das quais apenas resultaram dois ensaios - com 136 placagens bem-sucedidas num juntar de placadores, fraternalmente disponíveis para travar o avanço dos enormes fijianos que ficaram limitados a seis rupturas da linha de defesa.

Maravilha de ver, limitando o ataque fijiano a tentativas isoladas e não deixando, pela boa organização defensiva conseguida, que o seu jogo colectivo de passes se tornasse eficaz. Repare-se nestes números: José Madeira realizou 21 placagens, David Wallis outras 21, Nicolas Martins - um jogão - fez 16 e o Rafael Simões placou 12 adversários. E com 116 placagens os portugueses ocupam os nove primeiros lugares dos maiores placadores do jogo. Obra!

As 14 conquistas nos alinhamentos possibilitaram a expressão de sequências que, juntamente com uma maior velocidade de reciclagem da bola nos rucks — 28 em menos de três segundos — permitiu acesso à área de 22 adversária por nove vezes numa bem melhor demonstração de eficácia. No entanto com o aproximar do final do jogo temeu-se que os hábitos competitivos destes fijianos - habituados a níveis de intensidade muito superiores pelos campeonatos que frequentam - pudessem impor-se à fadiga que se via crescer nos jogadores portugueses. Mas a vontade dos “lobos”, empurrados por uma multidão de notáveis adeptos, foi capaz da superação.

Desde o início do Mundial que os “lobos” se mostraram sempre generosos e com uma atitude competitiva muito elevada a que apenas uma postura desarticulada que não permitindo a coesão necessária à unidade de acção também não permitia traduzir em eficácia movimentos que na aparência mereceriam melhor sorte. Felizmente desta vez surpreenderam com a transformação conseguida.

Agora, anotando as diversas lições - e não sendo a menor a sorte do apuramento - que podemos tirar da nossa participação e acesso a este Mundial, teremos de preparar o apuramento para 2027 na Austrália. E que deve começar pela organização interna de acordo com os objectivos competitivos que se pretendam atingir. O que significa campeonato interno equilibrado e competitivo, Lusitanos a serem o espaço-base da preparação internacional, retorno da “Força 8” para preparar os primeira-linha de amanhã e um apoio aos jogadores portugueses que jogam no estrangeiro para acesso a melhores clubes.

Cantemos o tempo da vitória mas sem deixar que o canto, por deslumbramento, desafine e que este excelente jogo - o melhor de sempre, repito - seja efectivamente o princípio de acesso a um nível internacional elevado.

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