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Ípsilon

Os leitores do PÚBLICO têm imensa sorte em dispor de um suplemento semanal com a diversidade e qualidade do Ípsilon. De facto, a sua leitura proporciona-nos o “contacto” com personalidades e respectivas realizações e vivências (maioritariamente escritores e músicos, mas também pintores, arquitectos, etc.) que, pela sua riqueza e complexidade, permitem a observação do que nos rodeia, através de janelas mais largas e mais coloridas. Obrigada a todos os que constroem este “objecto”.

M.G. Pereira, Arcozelo

Intermitências dos serviços públicos

Por decisão da Comunidade Intermunicipal do Algarve (Amal), as piscinas municipais do litoral algarvio estão fechadas nos meses de Verão. Este é o segundo ano consecutivo em que as 16 câmaras da região concertaram esta medida para combater a seca. A presidência da Amal, que atesta que 90% da água é consumida por privados (hotéis, parques aquáticos, etc.), quer mais campos de golfe e explorações agrícolas.

Será a época balnear motivo bastante para estabelecer um paralelismo entre piscinas municipais, banhos e bronze?

As piscinas de Faro têm oito pistas de 25 metros e um pequeno tanque, a parte exterior das piscinas está fechada desde que aqui vivo. Quem as frequenta são pessoas que têm indicações terapêuticas para o fazer, seniores, crianças e, pontualmente, desportistas. Subscrever um ginásio é a alternativa. No dia seguinte ninguém nadou.

Ana Miguel Regedor, Faro

Turismo: equilíbrio necessário

Muito se tem falado da importância cada vez maior do turismo nas contas de Portugal, mas fala-se muito pouco da outra face da moeda, i.e., dos seus impactos negativos em particular na habitação, problema que é praticamente manchete em todos os meios de comunicação pela sua gravidade e pela falta de vontade política de abordar esta situação que se arrasta e agrava há muito.

Em particular, quero referir a situação dos bairros históricos de Lisboa, em que o equilíbrio entre turismo e diversão nocturna e moradores não existe, contribuindo para o despovoamento acelerado dos bairros, e sem pessoas não há bairros, e para a degradação do património publico e privado, a descaracterização destas zonas icónicas e de valor histórico e cultural único e que devem ser preservadas. Exige-se um melhor planeamento para a cidade de Lisboa e vontade política para o implementar, sob pena de continuarmos a assistir à degradação do centro histórico, sabendo que o turismo é fundamental para a cidade, mas há que pensar e construir alternativas para a sua sustentabilidade que passará sempre pelo seus moradores.

Luís Filipe Paisana, Lisboa

Rui de Perdição

Quem haveria de pensar no que iria dar uma estátua relacionada com o célebre romance Amor de Perdição do escritor Camilo Castelo Branco, o qual acabou por ir parar à antiga Cadeia da Relação do Porto, por praticar adultério, ao enamorar-se perdidamente de Ana Plácido.

O problema, agora levantado contra a estátua, deve-se à nudez da mulher – que não só representa a Ana envolvida na estátua, abraçada a Camilo, vestido, tentando este cobrir a nudez da amada. E foi por isso mesmo que “37 celebridades do nada” impuseram ao pudico Rui Moreira a remoção da referida obra de arte. Mas, perante o repúdio de milhares de impudicos concidadãos, o autarca fez marcha-atrás, talvez para se voltar para o que os portuenses mais precisam: habitação e melhores condições de vida.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

Afinal a estátua já não é feia e de mau gosto?

Há 11 anos inaugurou-se a estátua de Camilo. E só agora Rui Moreira, a reboque de 37 figuras públicas que são contra ela, disse ir removê-la por decisão exclusivamente sua. Sem qualquer respeito pelo escultor, que a fez e doou à cidade, declarou a uma TV: “Eu acho que aquilo é feio, é de mau gosto.” Dois ou três dias depois decide que a estátua já não será removida. Mas então aquilo já não é feio, já não é de mau gosto?

Rui Moreira fez bem em reverter a sua decisão, pois com o que disse foi indelicado e ingrato. E, se executasse o que sozinho decidira, estampava-se de vez. Como assinalou por estes dias o leitor Küttner de Magalhães, a estátua está ali há 11 anos. Os dois maiores críticos de arte do Porto e Rui Moreira, presidente da câmara há dez, só agora viram que aquilo seria feio e de mau gosto? Levaram imenso tempo a dar-se conta! Andam distraídos?

Quando um governante muda tão radicalmente de opinião em apenas dois dias, que havemos nós de pensar da validade das decisões dos que nos governam?

Nuno Garrido de Figueiredo, Lagariça

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