Dois alegados extremistas detidos a bordo de navio com bandeira portuguesa

Homens foram detidos na madrugada de quinta-feira, ao largo da costa do Algarve, numa operação conjunta da Autoridade Marítima Nacional e da Polícia Judiciária.

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Os dois homens entraram clandestinamente a bordo do navio no passado dia 8 de Junho DR
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Dois homens, sírios mas sem documentos, com 23 e 24 anos, foram detidos na madrugada de quinta-feira no navio mercante de bandeira portuguesa Vestvind, ao largo da costa do Algarve. A operação foi realizada por um navio da Marinha Portuguesa e pelo Grupo de Acções Tácticas da Polícia Marítima, da Autoridade Marítima Nacional (AMN), em articulação com a Unidade Nacional Contraterrorismo da Polícia Judiciária (PJ), na sequência de sucessivos pedidos de ajuda do capitão do navio.

Segundo o comunicado conjunto da AMN e da PJ, os dois homens entraram clandestinamente a bordo do navio no passado dia 8 de Junho, quando este se encontrava no porto de Izmir, na Turquia, de onde partiu, com destino à Polónia. Assim que foram detectados, recusaram-se a colaborar com as instruções do capitão do navio mercante, tendo assumido “comportamentos ameaçadores contra a tripulação”.

Segundo a publicação online Vesseltracker, que segue a posição de navios, os dois estavam feridos quando foram encontrados pela tripulação, um deles com gravidade. Nos telemóveis que possuíam, e que foram inspeccionados na altura, estariam fotografias em que carregavam Kalashnikovs. A mesma publicação diz que as autoridades sírias confirmaram, na passada terça-feira, que ambos eram procurados por suspeitas de terrorismo.

Ao PÚBLICO, fonte da AMN confirma apenas que os dois clandestinos são de origem síria. Os homens deverão ser presentes ao Tribunal de Instrução Criminal de Faro, para a aplicação das medidas de coacção.

Depois de abordarem a embarcação, ao largo da costa do Algarve, as autoridades portuguesas realizaram “um vasto conjunto de actos de recolha de prova na embarcação em referência, fundamentando a indiciação da prática de crimes de atentado à segurança de transporte por água, introdução ilegal em lugar vedado ao público, ameaça agravada e permanência ilegal, em território nacional”, lê-se no comunicado.

Segundo o mesmo documento, o pedido de socorro do comandante do navio, que desencadeou a operação portuguesa, já tinha sido feito várias vezes desde que os dois homens foram descobertos a bordo. Mas sem qualquer sucesso. “No percurso marítimo entre a Turquia e as águas territoriais portuguesas, o comandante do navio solicitou sucessivos pedidos de apoio e assistência, para proceder ao desembarque dos dois clandestinos, diligências que, apesar de insistentes não obtiveram acolhimento, de diferentes países”, refere-se no comunicado.

Segundo o jornal Gazzetta del Sud, o capitão do navio pediu às autoridades italianos para desembarcar os dois clandestinos no porto de Messina, mas a autorização foi recusada. Terá sido aqui que o contacto entre os italianos e as autoridades sírias permitiu confirmar a identidade dos dois homens. ​

A bordo, acrescenta-se no comunicado da AMN e da PJ, tanto o capitão do navio como a restante tripulação continuaram a ser “vítimas de ameaças graves contra as suas vidas e contra a segurança da embarcação”.

O Vestvind foi construído em 2016 e opera sob bandeira portuguesa, embora seja propriedade de uma empresa alemã.

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