Proteger os nossos idosos: a importância de combater a violência

A alienação e a indiferença também podem ser uma forma de violência, igualmente devastadora. Não ter voz e ficar esquecido num lar ou passar semanas fechado em casa também é uma forma de violência.

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Uma das formas de avaliar o índice de desenvolvimento de uma sociedade pode ser através da forma como trata os grupos mais vulneráveis, incluindo os mais velhos. Infelizmente, a violência contra os idosos é um problema crescente em todo o mundo, e Portugal não é exceção.

De acordo com estatísticas recentes, Portugal tem enfrentado um aumento preocupante do número de casos de violência contra os idosos, tendo esse número triplicado nos últimos quatro anos. Segundo o Relatório Anual da APAV, em 2022, registaram-se mais de 1500 vítimas de crimes contra idosos. Depois do alerta, a confirmação surgiu em dados avançados pela Procuradoria-Geral da República, que revelou que, só no ano passado, foram abertos mais de 1800 inquéritos no Ministério Público. Esses números são alarmantes e revelam a urgência de uma ação efetiva.

A proteção da nossa população mais velha é uma responsabilidade de todos e deve ser encarada com muita seriedade, começando pelo direito inviolável a uma vida digna e segura. Depois de passarem uma vida inteira a contribuírem ativamente para a sociedade, merecem viver com as condições mínimas de saúde, conforto, bem-estar e respeito.

A violência contra a pessoa idosa não é só os maus-tratos ou as burlas. A alienação e a indiferença também podem ser uma forma de violência, não tão grave ou visível, mas igualmente devastadora. Não ter voz e ficar esquecido num lar ou passar semanas fechado em casa também é uma forma de violência. É urgente encontrar soluções para proteger os mais velhos e a educação da sociedade e dos mais novos deve desempenhar um papel fundamental. Preparar a velhice também é isso: falar às nossas crianças dos direitos dos mais velhos, das transformações que a vida sofre. É necessário promover campanhas de consciencialização nas escolas, nas comunidades e nos meios de comunicação social no sentido de sensibilizar todas as pessoas, mais novas ou mais velhas, para os seus direitos, em qualquer idade e alertar para os sinais de que algo possa não estar bem.

Um ponto importante é estabelecer redes de apoio comunitário que ofereçam suporte e resposta aos seniores, que incentivem a denúncia de casos de violência ou de abandono. Isto pode ser conseguido através de parcerias entre organizações governamentais, ONG, instituições de saúde e grupos de voluntários. O trabalho em rede é, não me canso de o afirmar, fundamental!

É importante capacitar os profissionais de saúde, as assistentes sociais, os agentes de segurança e todas as pessoas envolvidas nestes cuidados aos mais velhos porque a formação adequada permite dar uma resposta mais eficaz e um apoio adequado. Mas é igualmente importante que todo e qualquer cidadão tenha a consciência de que ser velho é, muitas vezes, ser frágil e precisar que estejamos mais atentos.

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Rui Oliveira

Proteger os mais velhos é uma tarefa de todos. Através da educação dos mais novos, de uma legislação adequada, de redes de apoio sólidas e da formação de profissionais, podemos trabalhar juntos para combater todas as formas de violência e garantir quem já deu tanto aos outros viva a sua vida com dignidade, segurança e respeito. É dever de todos contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva, uma sociedade onde as pessoas menos jovens, com rugas no rosto e cabelos grisalhos são escutadas, valorizadas e bem tratadas!

A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico

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