Podemos mesmo confiar nos serviços de informações da República?

A informalidade na gestão dos serviços de inteligência é absolutamente incompatível com a existência de um estado de direito democrático.

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Não foi durante a longa noite do Estado Novo. Não foi sequer no século passado. Foi em outubro de 2016. Jorge Silva Carvalho foi então condenado a uma pena de prisão suspensa de quatro anos e seis meses. Cito, para ser absolutamente rigoroso, alguns excertos da notícia publicada, à época, por este jornal: “Ficou provado que Silva Carvalho violou o segredo de Estado entre 2010 e 2011, quando usou o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) que dirigia, para recolher informações para o grupo económico Ongoing, para o qual foi trabalhar após deixar as secretas. (…) Os espiões do SIED chegaram a investigar dois empresários russos, não por ameaçarem a segurança nacional, mas por constituírem potenciais parceiros de negócios da Ongoing num porto grego –​ ‘​leviandade’​ que, sublinharam os juízes, poderia ter deixado Portugal em muito maus lençóis (…). Tanto Silva Carvalho como um dirigente das secretas, que trabalhava sob as suas ordens, João Luís (…), estavam conscientes da ilegalidade destes atos. Tal como o estavam relativamente a outra operação que levaram a cabo: mandarem espiar a faturação detalhada do então jornalista do PÚBLICO Nuno Simas. Neste caso, o objetivo era descobrir as fontes de informação das notícias que ele publicava sobre as secretas, e que o então diretor do SIED sentia que o prejudicavam. Para o conseguirem, Silva Carvalho e João Luís pediram a um operacional dos serviços de informações, Nuno Dias, que convencesse a companheira, Gisela Teixeira, então funcionária da Optimus, a aceder aos registos telefónicos.

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