Violência doméstica faz mais uma vítima mortal: uma mulher foi morta na Madeira

Mulher morta na Serra de Água, no concelho da Ribeira Brava, ilha da Madeira. Homem fica em prisão preventiva.

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Exposicão Sobre(viver), de Nina Franco na Galeria Paulo Nunes, sobre violência doméstica Pedro Fazeres
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Houve mais um homicídio em contexto de violência doméstica este domingo à noite, desta vez no sítio da Meia Légua, no apertado vale da Serra de Água, no concelho da Ribeira Brava, na ilha da Madeira.

A Polícia Judiciária começou por limitar-se a confirmar que uma mulher, de 53 anos, fora morta por ferimento provocado por uma arma de fogo que teria sido disparada pelo próprio companheiro. E que a PSP detivera o homem, de 49 anos, logo no domingo à noite. O próprio ligara a uma filha, resultante de uma relação anterior, a contar o que acontecera e a pedir-lhe que chamasse uma ambulância.

Os Bombeiros Voluntários da Ribeira Brava e Ponta do Sol foram accionados pelas 21h20, bem como uma equipa médica de intervenção rápida, mas já não puderam prestar qualquer socorro – a vítima já estava morta. Não adiantaram mais informação, uma vez que a equipa que acorreu ao local já fora substituída.

Segundo o Jornal da Madeira, chamava-se Délia Gouveia. Citada por aquele diário regional, uma sobrinha da vítima diz que o casal estava desavindo havia três dias. No domingo à noite, saiu da casa que com eles partilhava pelas 20h40, pedindo-lhes que descansassem. Volvida pouco mais de meia hora foi alertada por uma vizinha para a concentração de viaturas das forças de segurança e dos serviços de socorro.

De acordo com o Diário de Notícias da Madeira, o homem terá surpreendido a mulher, com quem vivia havia uma década, quando esta já dormia, acertando-lhe no pescoço. Foi conduzido à esquadra de Câmara de Lobos, já que a da Ribeira Brava não tem calaboiços. E aí mesmo passou a noite.

Ao princípio da tarde desta segunda-feira, fonte da direcção nacional da Polícia Judiciária informou que o suspeito fora interrogado ainda durante a manhã. Admitia a hipótese de já de tarde ser conduzido ao Tribunal do Funchal.

Ao que disse a mesma fonte, “era uma violência doméstica que não estava sinalizada do ponto de vista formal”, no sentido de haver participações registadas pelas autoridades. “Estava sinalizada do ponto vista informal”, ou seja, era do conhecimento de familiares e vizinhos.

O homem era levadeiro de profissão, o que quer dizer que distribuía a água da rega. No seu dia-a-dia, seria recorrente o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. A posse de uma arma de fogo leva as autoridades a inclinarem-se para algum tipo de premeditação.

Acabou por ser ouvido apenas esta terça-feira. No tribunal, a sessão começou por volta das 14h 3 alongou-se cerca de duas horas. O suspeito saiu indiciado por homicídio qualificado e posse de arma proibida. Foi então conduzido ao Estabelecimento Prisional do Funchal, onde ficará a aguardar julgamento.

Ao que se pode ler no Portal da Violência Doméstica, da responsabilidade da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, no primeiro trimestre ocorreram cinco homicídios em contexto de violência doméstica – três mulheres, uma criança e um homem.

Naquele mesmo período, a PSP e a GNR registaram 6986 queixas por violência doméstica. Estavam detidos por este crime 1275 pessoas, 293 das quais em prisão preventiva e 983 em prisão efectiva.

Nota: notícia alterada esta terça-feira, 23 de Maio, para acrescentar a medida de coacção.

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