Martínez segurou a Argentina no Mundial

Guarda-redes argentino brilhou no desempate por penáltis com os Países Baixos, após um 2-2 em 120 minutos.

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Messi abriu o caminho, mas foi Martínez que segurou a Argentina no Mundial Reuters/BERNADETT SZABO

Durante 90 minutos, a Argentina andou ao ritmo de Lionel Messi, mas, depois, foi Emiliano Martínez a segurar a "albiceleste" no Mundial 2022. Depois de um empate (2-2) no final de 120 minutos em que o 10 brilhou com um golo e uma assistência, foi o guarda-redes do Aston Villa a vestir a pele de herói, defendendo dois penáltis no desempate com os Países Baixos nos quartos-de-final (4-3) e qualificando a Argentina para a meia-final da próxima terça-feira - terá a Croácia pela frente - deixando a equipa de Louis Van Gaal com um sabor que será sempre amargo num jogo desta natureza. Mas que será especialmente amargo porque quase conseguiram afastar Messi do seu caminho de se equiparar a Maradona.

O que espera a “albiceleste” na meia-final da próxima terça-feira, não será um duelo sul-americano com o Brasil, mas um terceiro embate com os croatas em Mundiais – o primeiro em jogos a eliminar. Será a sexta vez que a Argentina chega às meias-finais de um Mundial, sendo que, das outras cinco, qualificou-se sempre para o jogo do título. Já para os Países Baixos, o seu Mundial fica por aqui, falhando a oportunidade de vingar a equipa de 1978, finalista derrotada por esta mesma Argentina.

Este era um encontro entre um favorito que toda a gente considerava favorito e uma equipa que silenciosamente foi avançado neste Mundial, liderada por um homem que antes tinha vencido uma batalha bem maior – Louis van Gaal tinha sessões de quimioterapia antes de dar treinos. O veterano técnico de 71 anos (o mais velho do Mundial) teria um plano para conter Lionel Messi e os seus companheiros, um plano que parecia estar a resultar na perfeição. Só que, como tantos já perceberam, é impossível conter Messi e o seu pé esquerdo, como era impossível conter outro 10 argentino com um apelido começado por M.

E foi assim aos 35’. Messi com a bola colada ao pé, sem olhar para ela, a olhar para qualquer outro lado, menos para o lugar onde iria no instante seguinte colocá-la. Molina avança para a área, recebe de Messi já na frente de Virgil van Dijk e atira para a baliza neerlandesa. Era o primeiro golo do lateral do Atlético de Madrid pela selecção argentina, cortesia de "Leo".

Messi apanha Batistuta

Os Países Baixos não pareceram entrar em pânico, porque ainda tinham muito tempo pela frente e já havia quem lhe tivesse dado a volta. Mas os minutos foram passando e a “orange” não conseguia encontrar o caminho. Com posse, mas sem progressão e praticamente sem rematar à baliza. A Argentina, mais uma vez com os benfiquistas Nico Otamendi e Enzo Fernández no “onze”, controlava, sabendo que, a qualquer momento, podia abusar do génio.

E os argentinos pareceram ainda mais no controlo a meio da segunda parte, quando Dumfries derrubou Acuña na área neerlandesa. O marcador do penálti não podia ser outro que não o 10. E o 10 não falhou. Andries Noppert, o gigante de 2,03m na baliza dos Países Baixos, nem se mexeu no golo que colocou Messi a par de Batistuta no topo da lista dos goleadores argentinos em Mundiais – ambos com dez.

Van Gaal não tinha outro remédio que não carregar a equipa de avançados. Antes do 2-0, já tinha metido De Jong, depois meteu Wout Weghorst, um "pinheiro" de quase dois metros de altura do Besiktas que, nos quatro jogos anteriores tinha estado em campo um total de 19 minutos sem qualquer impacto. Frente à Argentina, teria 12 minutos (mais a compensação) para mudar a narrativa do jogo.

Ter um avançado deste género vestido de laranja num jogo a eliminar do Mundial não era, propriamente, honrar a herança do “futebol total”. Mas Van Gaal sabia o que estava a fazer. Minuto 83’, bola longa de Berghuis (que também saltara do banco) que se cruza com a cabeça de Weghorst e golo dos Países Baixos.

O jogo estava relançado. A Argentina estava em modo contenção, os neerlandeses estavam em modo bola lá para a frente. Foram ganhando faltas à entrada da área. Depois dos 90 minutos, sobe a placa a dizer que se vão jogar mais dez minutos de compensação. Aos 93’, livre em zona frontal para os Países Baixos e para Berghuis. A Argentina mete a equipa toda na barreira e a bola não passa dali.

Ao 11.º minuto da compensação, novo livre frontal para os neerlandeses. Desta vez, quem avança é Teun Koopmeiners, médio da Atalanta, também lançado por Van Gaal na segunda parte. Todos os argentinos esperam por um remate, mas o que acontece é um passe rasteiro para o coração da área, direitinho para Weghorst, e do seu pé esquerdo para o fundo da baliza de Martínez.

Contra tudo o que o jogo nos tinha dito nos seus primeiros 80 e poucos minutos, haveria mais meia-hora para jogar. Nem sempre as equipas arriscam no prolongamento de um jogo desta natureza e foi o que aconteceu. Jogo dividido, cauteloso e sem oportunidades. Mais Argentina, que tem um par de jogadas perigosas perto da baliza de Noppert. Di Maria tenta um canto directo, Enzo acerta no poste, mas os Países Baixos resistem a tudo.

Vamos aos penáltis. Primeiro foram os capitães. Van Dijk, pelos Países Baixos, avançou, mas Martínez esticou-se para o lado certo e defendeu. Depois, foi Messi a atirar para o meio da baliza. O guardião argentino voltou a defender o tiro de Berghuis e Argentina já respirava melhor. Enzo ainda deixou uma pequena incerteza no ar, ao acertar no lado errado da baliza, mas Lautaro Martínez atirou para o lado certo.

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