Coreia-Portugal: a análise individual aos jogadores portugueses

Diogo Dalot acabou por ser o jogador em maior destaque, com uma assistência e uma influência ofensiva significativa. Vitinha e Pepe também estiveram em alta.

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Diogo Dalot esteve em excelente plano EPA/Rungroj Yongrit

Diogo Costa (6)

Num contexto em que Fernando Santos promoveu várias alterações, Diogo Costa voltou a ocupar a baliza. E fê-lo com competência. Defendeu um remate de Son aos 40’ e outro do avançado do Tottenham aos 65’, ambos de fora da área e sem grande grau de dificuldade. Aos 66’, travou ainda um disparo poderoso de Hwang e, no jogo de pés, foi seguro (como tem sido quase sempre). Nos lances dos dois golos, fica totalmente isento de responsabilidades.

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Diogo Dalot (8)

Teve a primeira oportunidade neste Mundial e respondeu à altura. Foi dono e senhor do corredor direito e conseguiu dotar a selecção portuguesa da dimensão ofensiva que faltou nos dois primeiros jogos. Perspicaz no ataque à profundidade, Diogo Dalot “inventou” o primeiro golo, com uma desmarcação oportuna e uma assistência milimétrica para a finalização de Ricardo Horta. Aos 21’, conseguiu um corte providencial na área portuguesa, tendo sido muitas vezes obrigado a aplacar as investidas de Son e Kim Jin-su pelo seu corredor. Forte nos movimentos de ruptura, distinguiu-se ainda por uma diagonal, com direito a controlo apurado e remate de pé esquerdo de fora da área, só travado pelo guarda-redes (35’). É verdade que também acumulou alguns passes falhados, mas nenhum deles comprometedor, que pudesse pôr em causa uma exibição de alto calibre.

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António Silva (6)

Depois de ter sido utilizado no jogo de preparação com a Nigéria (que nem lhe correu particularmente bem), o jovem central fez dupla com Pepe e respondeu com eficácia. Somou dois cortes importantes ainda na primeira parte, por ter tido a perspicácia de acompanhar o adversário e encurtar o espaço na altura certa. Não invadiu muito o bloco com bola (possivelmente porque não era esse o plano), mas foi seguro em posse, facilitando a circulação na última linha. Aos 56’, somou um corte decisivo após um remate de Son.

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Pepe (7)

Mais uma exibição de bom nível, a controlar a profundidade com eficácia, tal como o espaço aéreo. À dimensão defensiva, juntou enorme iniciativa com bola, especialmente no primeiro tempo: ao surpreender o adversário com o passe que desmarcou Dalot no primeiro golo e ao variar, num par de ocasiões, o centro do jogo. Mostrou-se muito capaz nos passes longos.

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João Cancelo (5)

Titular pelo terceiro jogo consecutivo, desta vez João Cancelo foi alocado ao corredor esquerdo, como tantas vezes acontece no Manchester City. Esteve mais em jogo no plano ofensivo do que diante do Gana e do Uruguai (também porque a ideia de jogo da Coreia era outra), mas revelou-se algo precipitado nas decisões. Foi muito marcado quando recebia a bola bem aberto, junto à linha, e sentiu muitas vezes dificuldades em acelerar. Falhou alguns passes fáceis e, no primeiro tempo, as incursões na zona central para criar superioridade entre linhas, deixando o corredor para João Mário, foram infrutíferas.

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Rúben Neves (6)

É um especialista nos passes de média e longa distância, varia o centro do jogo com uma facilidade invulgar, mas teve pouco tempo e espaço para decidir. Muitas vezes condicionado pela pressão coreana, com dois jogadores no corredor central, foi regularmente obrigado a construir mais curto e lateralizado. No lance do primeiro golo da Coreia, saltou ao primeiro poste mas não conseguiu interceptar a bola. Saiu aos 65’ com uma exibição positiva.

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Vitinha (7)

Pela primeira vez no “onze” neste Mundial, fez um jogo em crescendo. Alternou na saída de bola com Rúben Neves e com João Mário nos movimentos interiores. Com capacidade para variar o centro do jogo, foi inteligente a contornar a pressão contrária, com passes precisos, e ainda ameaçou a baliza coreana, com um grande remate aos 41’. Antes do intervalo, com um grande pormenor técnico, ainda inventou uma triangulação que por pouco não deu golo de Ricardo Horta, mas foi na segunda parte que se mostrou mais incisivo em zonas de definição, procurando muitas vezes a profundidade com passes de ruptura.

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Matheus Nunes (5)

Vale bem mais do que conseguiu mostrar. Começou por pressionar a saída de bola contrária, em cunha com Ronaldo, mas raramente contou com o posicionamento devido do capitão. Menos capaz com bola (muitas perdas) do que é habitual, teve um remate de fora da área disparatado, aos 40’. Sem a habitual habilidade para furar o bloco contrário em posse, tornou-se um jogador previsível, paesar de alguns movimentos interessantes de ruptura. Saiu aos 65’.

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João Mário (5)

Teve pouca bola e a ligação com João Cancelo, no corredor esquerdo, raramente funcionou. Ainda procurou pressionar a primeira fase de construção da Coreia, mas o pressing raramente foi coordenado e tornou-se estéril. Ainda ajudou Portugal a gerir parte do jogo com bola, após o intervalo, antes de ser substituído por Bernardo Silva, aos 81’.

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Ricardo Horta (6)

Tem uma relação muito boa com o golo e provou-o logo no primeiro remate à baliza, em que esperou cirurgicamente pelo cruzamento atrasado. Um movimento que, de resto, repetiu algumas vezes ao longo do encontro, causando sempre dificuldades aos centrais coreanos.Aos 44’, somou mais um remate de pé esquerdo para defesa do guarda-redes. Com a entrada de Rafael Leão e André Silva, passou a cair deliberadamente nos corredores, ainda que sem causar grande mossa ao adversário.

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Cristiano Ronaldo (4)

Mais um jogo infeliz. Foi infeliz quando, inadvertidamente, fez uma assistência com as costas para o golo do empate. Foi infeliz quando, mesmo em fora-de-jogo, falhou isolado (30’) na cara do guarda-redes. Foi infeliz com um cabeceamento desastrado, de baliza aberta, após defesa incompleta de Kim Seung-gyu. E foi infeliz, claro, quando reagiu como reagiu no momento da substituição.

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Palhinha (5)

Lançado aos 65’ para o lugar de Matheus, entrou com a missão de controlar o corredor central, oferecendo ao jogo português dimensão física e ocupação racional do espaço. No lance do 2-1, em transição, ainda recuperou metros, mas de pouco valeu.

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André Silva (6)

Boa dinâmica, a arrastar os centrais e a alargar o raio de acção do ataque português. Em cerca de meia hora, somou um par de pormenores técnicos interessantes e desmarcações oportunas. Merece mais minutos.

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Rafael Leão (4)

Desbaratou uma transição ofensiva após um canto (72’), com Ricardo Horta e André Silva em boa posição, com um remate de fora da área, que saiu ao lado e fraco. Pouco ou nada acrescentou.

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William Carvalho (4)

Genericamente, esteve bem em momentos de maior aperto, ao povoar o corredor central, e pragmático com a bola nos pés. No lance do 2-1, foi demasiado passivo na aproximação a Son.

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Bernardo Silva (4)

Só foi lançado aos 81’, para gerir os ritmos do jogo com bola, como tão bem sabe fazer. Mas a verdade é que ficou, também ele, directamente ligado ao golo do triunfo. Tinha a posição ganha na transição, mas deixou-se ultrapassar por Hwang, quando poderia ter controlado o movimento do avançado.

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