Ângelo Jesus fotografa as árvores como se fossem “entidades”

O Festival Imaginature elegeu-o como Fotógrafo de Paisagem do Ano graças a um momento captado no Monte Córdova, em Santo Tirso. A fotografia é para si uma “paixão quase obsessiva”.

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Fotografia vencedora Imaginature 2022 Angelo Jesus
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Primeiro classificado (categoria Manteigas: Vale por Natureza) Francisco Coimbra
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Primeiro classificado (categoria Paisagens Naturais de Portugal) Antonio Fernandez

Monte Córdova, Santo Tirso. Estava uma “neblina bonita” quando o sol despontou. “Condições propícias”, comenta à Fugas Ângelo Jesus, que congelou a cena para sempre. Foi “um daqueles momentos que duram muito pouco tempo” e que lhe valeu a distinção Fotógrafo de Paisagem do Ano atribuída pelo 36.º concurso de fotografia de Manteigas associado ao festival Imaginature.

Raras são as fotografias das 318 que constam da sua conta de Instagram que não revelam árvores em todo o seu esplendor. “Quase que consigo ver uma entidade”, suspira Ângelo, que assume essa “paixão quase obsessiva” pela fotografia, pela natureza e em especial pelas árvores. “Começam a tornar-se nossas amigas”, diz o fotógrafo, habituado aos trilhos das Serras do Porto e dos bosques e quedas de água do Gerês ("Quase todos os meses vou lá"). “Visito algumas com frequência todos os anos e algumas mais do que uma vez por ano. Parece que existe uma familiaridade com elas.”

A fotografia de natureza “não é o modo de vida” deste técnico de equipamentos de escritório. “Mas já faz parte da minha vida”. Começou pela exploração das montanhas, pelo montanhismo e pelo alpinismo. E pelas árvores que se cruzavam no seu caminho. “Sempre me chamaram a atenção”, diz. “São espaços onde me sinto muito calmo. A minha criatividade vem ao de cima. Não sei explicar porquê”.

Segundo classificado (categoria Manteigas: Vale por Natureza) Pedro Silva
Segundo classificado (categoria Paisagens Naturais de Portugal) David Canário
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Segundo classificado (categoria Manteigas: Vale por Natureza) Pedro Silva

Entra nos bosques e fica por ali “mesmo sem pegar na máquina”. “São lugares complexos e caóticos. É preciso algum tempo para fazer ligação com as coisas e para elas começarem a aparecer”. “Estar lá”, assume, é o mais importante. E estar completamente receptivo aos “estímulos visuais” antes de os tentar capturar através da fotografia. “Atrai-me os ramos, os troncos, as casas... coisas que só estão na minha imaginação. É tudo muito instintivo”.

Milhares de fotos depois — 318 publicadas no Instagram —, Ângelo Jesus sabe que a fotografia de natureza é “uma faca de dois gumes”. “É mais positivo do que negativo”, sentencia. “Estamos a expô-la a muita gente, mas aproxima as pessoas da natureza. É bom incentivar as novas gerações a olharem para a natureza. Muitas pessoas já passaram por estas cenas que eu mostro e nunca lhes deram a devida atenção.”

Na categoria Manteigas: Vale por Natureza (trabalhos que se centram exclusivamente nos aspectos paisagísticos e naturais da Serra da Estrela, registados na área do concelho de Manteigas), o primeiro classificado foi Francisco Coimbra (segundo lugar para Pedro Silva) e na categoria Paisagens Naturais de Portugal Antonio Fernandez arrecadou o primeiro lugar (David Canário o segundo). As melhores fotografias na categoria Paisagens Íntimas são da autoria de Antonio Fernandez (primeiro classificado), Iker Aizkorbe Agirre (segundo) e Nuno Cabrita (terceiro).

Primeiro lugar (categoria Paisagens íntimas) Antonio Fernandez
Segundo lugar (categoria Paisagens íntimas) Iker Aizkorbe Agirre
Menção honrosa (categoria Paisagens íntimas) Nuno Cabrita
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Primeiro lugar (categoria Paisagens íntimas) Antonio Fernandez
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