Em Portugal, 15,9% dos jovens estão desempregados — pior do que a média da UE

A taxa de desemprego jovem em Portugal é mais alta do que a da União Europeia, que está nos 13%, segundo dados da Eurostat. Jovens da Madeira, do Algarve e dos Açores são os mais atingidos. “A crise da covid-19 e as medidas que lhe estão associadas tiveram um impacto desproporcional nos mais jovens no que toca ao desemprego”, diz o relatório.

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A taxa de desemprego jovem em Portugal é mais alta do que a da União Europeia Mark Kassinos/Unsplash

A taxa de desemprego jovem em Portugal é superior à média da União Europeia: fixa-se nos 15,9% — 2,9% acima da média comunitária, que está nos 13%. O país é o sétimo com esta taxa mais alta, atrás da Grécia, Espanha, Itália, Sérvia, Suécia e Croácia.

Os números são do Eurostat, que analisou a taxa de desemprego jovem (entre os 15 e os 29 anos), e mostram também que na União Europeia este número caiu dos 13,3% em 2020 para os 13% em 2021.

Em Portugal, é na Região Autónoma da Madeira que a taxa de desemprego jovem é mais alta: fixa-se nos 21,1%. Segue-se o Algarve (19,4%) e a Região Autónoma dos Açores (17,2%). Na Área Metropolitana de Lisboa, a taxa de desemprego jovem é 16,1%. No Norte, Alentejo e Centro, o número é mais baixo do que a média nacional: 15,6%, 15,2% e 15,1%, respectivamente.

“A crise da covid-19 e as medidas que lhe estão associadas tiveram um impacto desproporcional nos mais jovens no que toca ao desemprego: a taxa de desemprego jovem subiu 1,4 pontos percentuais em 2020 [de 11,9% para 13,3%], enquanto a taxa de desemprego global aumentou 0,4 pontos”, lê-se no relatório, divulgado nesta segunda-feira. Uma tendência que não é nova: em Agosto último, um estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostrava que o desemprego no grupo dos 16 aos 24 anos recuou para os 16,7% (um número mais baixo do que o registado antes da pandemia), mantendo-se, no entanto, superior à taxa de desemprego global, que recuou para os 5,7%.

As taxas de desemprego jovem mais altas concentram-se principalmente no Sul da Europa. “Há 23 regiões onde 30% ou mais da população activa entre os 15 e os 29 anos estava desempregada. Este grupo inclui seis regiões da Grécia, Espanha e Itália, bem como a Córsega e regiões periféricas de França”, lê-se.

No sentido inverso, o país que regista a taxa de desemprego jovem mais baixa é a República Checa, com 5,2%. Seguem-se Alemanha e Malta, ambas com 5,9%; a Polónia, com 7,2%; e os Países Baixos, com 7,3%.

A média da taxa de desemprego global da União Europeia (entre os 15 e os 74 anos) é 7%. Os países onde este valor é mais baixo são igualmente a República Checa (2,8%), Malta e Polónia (3,4%), Alemanha (3,6%) e Hungria (4,1%). Em Portugal fixa-se nos 6,6%.

Também este número sofreu um aumento devido à pandemia: “Depois de seis anos consecutivos de desemprego em queda, a taxa de desemprego na União Europeia entre pessoas com idades entre os 15 e os 74 anos aumentou como consequência da crise de covid-19, aumentando 0,4 pontos percentuais em 2020; houve uma recuperação parcial em 2021, quando a taxa caiu 0,2 pontos. Em 2021, houve 15 milhões de pessoas desempregadas na União Europeia.”

O Observatório das Desigualdades já tinha mostrado que, “em contexto de crise económica e social”, Portugal tende a afastar-se da média europeia, “o que indica que em momentos de crise os jovens são (ainda) mais penalizados com o desemprego em Portugal”, indicou o estudo O Desemprego em Portugal e na Europa: quão penalizados estão a ser os jovens?, lançado em Setembro último.

O estudo reporta que o desemprego jovem (neste caso considerado entre os 15 e os 24 anos) atingiu os 38,3% em 2013 (altura de crise financeira mundial), enquanto a média europeia ficou nos 25,2%. Em 2021, após a pandemia, o desemprego jovem atingiu os 23,4%, e a média da União Europeia ficou nos 16,6%.

A explicação pode residir na escolaridade, mas também na “própria estrutura económica dos países e da protecção social que oferecem”, bem como o trabalho disponível para os jovens (normalmente precário), explicou Inês Tavares, aquando da publicação dos resultados do estudo, ao P3.

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