Cristiano Ronaldo, o Irlandês

O declínio é um tema antigo, mas o declínio de talentos públicos é uma criação da medicina moderna.

À passagem da meia hora de The Irishman (Scorsese, 2019), há uma breve sequência na qual o protagonista, Frank Sheeran, invade uma mercearia de bairro para espancar o homem que maltratou a sua filha. Nessa altura do filme, o espectador já se encontra imerso no caldo de flashbacks e relativamente habituado à magia digital que os possibilita. O rosto de Robert De Niro é despixelizado até se transformar numa construção tão diferente da sua imagem contemporânea como daquela que recordamos de outras décadas e outros filmes: um rosto que não existe e na verdade nunca existiu, uma ilusão de atemporalidade simultaneamente permitida e sabotada pelo lastro de memórias colectivas que a sua reputação arrasta.

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