Um Santo traficante na Netflix

Santo, uma produção espanhola feita entre o Brasil e Espanha, estreou-se no passado dia 16 e conta com Bruno Gagliasso, Victoria Guerra, Greta Fernández e Raúl Arévalo no elenco. Falámos com os três primeiros.

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Victoria Guerra em Santo MANOLO PAVON/NETFLIX

Há um perigoso traficante brasileiro que tem seguidores como um líder de um culto, rituais sombrios e muita crueldade a quem nunca viu a cara. Crianças são raptadas e aparecem mortas de forma indescritivelmente cruel por causa dele. Várias pessoas são assassinadas como se nada fosse. Dois polícias, um brasileiro que se infiltrou na organização do traficante, e um espanhol, ambos não propriamente bastiões de virtude, juntam-se em Madrid para tentarem encontrar o traficante.

Esta minissérie sobre um traficante chamado Santo – não confundir com Santo Trafficante, Jr., o mafioso americano da vida real que trabalhou para a CIA para tentar envenenar Fidel Castro – chama-se Santo. Foi criada para a Netflix pelo espanhol Carlos López e realizada pelo brasileiro Vicente Amorim. Um policial com terror, tem seis episódios e estreou-se no dia 16. Conta, no elenco, com Bruno Gagliasso e Raúl Arévalo nos papéis dos polícias, Cardona e Millán, a portuguesa Victoria Guerra, como Bárbara, uma portuguesa que passou por Espanha, vive no Brasil e foi namorada de Santo, bem como a espanhola Greta Fernández como Susi, que trabalha com Millán.

No início do mês, os actores Gagliasso, Guerra e Fernández falaram com o PÚBLICO via Zoom, a partir de Madrid, sobre esta produção espanhola mas multilingue. “A melhor coisa que as plataformas têm neste momento é a internacionalização, não só das equipas e dos actores, mas também das línguas”, conta Victoria Guerra, que está na sua segunda série para a Netflix depois de Glória​. A preparação para o seu papel, diz, envolveu treino para falar com sotaque de português do Brasil, treino que foi interrompido para não ficar demasiado perfeito e reflectir os sítios por onde a personagem passou.

Bruno Gagliasso, que não fala inglês, continua: “Isso só tem de aumentar cada vez mais. A Victoria falou português brasileiro, eu falo em português, eles falam espanhol. Tem russos na série. O streaming veio para isso, sabe?” Para ele, “fazer cinema não é fazer Hollywood, cinema é cinema argentino, cinema brasileiro, francês e há possibilidades gigantescas”. Prossegue: “Nunca tive essa pretensão de fazer algo internacional, nunca me interessei. Agora calhou ser uma personagem brasileira numa série espanhola. Mas o que me pegou foi a boa história, foi o bom personagem. É isso que me move como actor. Eu acho que o que tem de mover a gente é sonho e os meus sonhos são bons personagens, contar boas histórias.”

Bruno Gagliasso elabora essa ideia de “bons personagens": “ele é humano, ele não é óbvio”. “Na nossa série não existe herói. Ele está sempre em conflito. A minha personagem começa de um jeito e termina de outro. Como a vida é”, resume. “É muito próximo à gente, todos nós temos obscuridade, todos nós somos bons e maus e as personagens são assim, nessa série.” Greta Fernández concorda: “É uma personagem diferente do que eu tenho feito, há muito a passar-se dentro dela. Todas as personagens têm um conflito sobre o que devem fazer, o que está certo, o que é bom, o que é mau. Têm muitas camadas, não só uma coisa por que lutar.” Victoria Guerra sublinha que, na série, “As personagem femininas são muito fortes” e há “uma dualidade muito forte”. A sua Bárbara é “muito misteriosa, muito enigmática e muito inteligente. Tem uma força e uma fragilidade ao mesmo tempo”.

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