Kipchoge voltou a puxar para baixo o recorde do mundo da maratona

O bicampeão olímpico da distância completou o percurso, em Berlim, em 2h01m09s, retirando 30 segundos exactos à anterior marca, que também lhe pertencia. Aos 37 anos, continua a fazer história.

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Kipchoge voltou a estabelecer um recorde do mundo na maratona Reuters/LISI NIESNER

Eliud Kipchoge e a cidade de Berlim têm uma relação especial. Foi na capital da Alemanha que o fundista queniano fixou um recorde do mundo da maratona, em 2018, e foi lá novamente que o actualizou, neste domingo, numa corrida dominadora em que retirou exactamente 30 segundos à anterior marca. Até onde poderá ir? Nem o próprio sabe responder.

Ao contrário do que sucedera na maratona de Berlim de há quatro anos, Kipchoge desde cedo impôs um ritmo tremendo. Passou aos 5km em 14m14s, aos 10km em 28m22s e à meia-maratona em 59m50s, mantendo no ar a ideia de que poderia estar em causa a queda da mítica barreira das duas horas.

De resto, tinha sido com um andamento semelhante que tinha alcançado essa proeza, em Viena, em 2019, numa prova que não entrou nos registos oficiais - a corrida tinha sido preparada especificamente para tentar chegar a esse objectivo, com dezenas de lebres que se iam revezando para ajudar a manter Kipchoge no ritmo desejado.

Desta vez, não foi possível esticar a marca até esse ponto, porque na segunda metade da prova o andamento baixou ligeiramente, sendo que aos 25km (1h11m08s) já começava a tornar-se claro que iria ultrapassar as duas horas. Ainda assim, a performance era mais do que suficiente para manter acesa a esperança de um recorde do mundo, mesmo quando descolou do etíope Andamlak Belihu para prosseguir uma corrida a solo.

Aos 30km o cronómetro marcava 1h25m40s, aos 35km 1h40m10s e aos 40km 1h54m53s, que se traduziam em mais de quatro minutos de vantagem sobre o segundo classificado, que era já o queniano Mark Korir. E quando, finalmente, cortou a meta, Eliud Kipchoge tinha concluído o percurso em 2h01m09s - Korir terminou em 2h05m58s e o etíope Tadu Abate fechou o pódio (2h06m28s).

“Estivemos muito rápidos na primeira parte. Tínhamos previsto 60m50s na primeira metade, mas as minhas pernas estavam tão bem, que me deixei embalar”, afirmou, no final, Kipchoge. “Estou radiante por ter batido o recorde em Berlim. Ao fim de 38km, sabia que seria capaz de quebrar o recorde. As circunstâncias eram favoráveis, tal como a organização do evento”.

O domínio do queniano de 37 anos na distância mais longa do atletismo não é uma novidade para o país - das últimas oito actualizações da marca, seis foram conseguidas por atletas do Quénia -, mas a aproximação permanente da barreira das duas horas eleva esta performance a outro nível. Até do ponto de vista mediático, com as perguntas a incidirem sobre a real possibilidade de alcançar essa proeza em breve.

“Vamos planear as coisas para o dia seguinte. Vou celebrar este recorde e depois vemos o que acontece”, respondeu, garantindo que ainda tem muito para dar ao atletismo. “Espero que o futuro seja risonho”.

Até agora, a carreira tem sido alucinante. Kipchoge participou em 17 maratonas oficiais e venceu nada menos do que 15. Como se não bastasse, pode orgulhar-se de ser apenas um entre três atletas que defenderam com sucesso um título olímpico - os outros são o etíope Abebe Bikila, que ganhou em 1960 e em 1964, e o alemão Waldemar Cierpinski, em 1976 e 1980. Isto para não falar nas medalhas e títulos que já antes conquistara nos 5000 metros.

Assefa vence no feminino

Em dia de recorde do mundo em Berlim, Tigist Assefa também teve um momento de glória na prova feminina. Naquela que foi apenas a segunda maratona oficial da atleta especialista em média distância, a etíope fixou um tempo de 2h15m37, marca que lhe permite assumir-se imediatamente como a terceira mulher mais rápida de sempre na distância.

O recorde da prova, esse, continua a pertencer à queniana Brigid Kosgei, com 2h14m04s registados na maratona de Chicago, em 2019, mas a performance de Assefa não deixou de causar surpresa. “A minha preparação foi muito boa, fiz o que foi preciso”, resumiu a vencedora, acrescentando que o treino dos últimos meses foi dirigido exclusivamente para a Maratona de Berlim, algo que facilitou o bom resultado.

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