Cartas ao director

Carne para canhão

Vladimir Putin continua num estado de demência que gradualmente lhe afecta o juízo. Desta vez mobilizou reservistas para o conflito na Ucrânia, arrastando inexperientes cidadãos russos a ser carne para canhão. Aquilo que seria uma “operação militar especial” rápida transformou-se numa guerra prolongada, comprovando o desespero e as falhas na estratégia. O único meio de parar esta loucura será com uma forte reacção pública da sociedade russa, revoltando-se contra esta alienação mental, contra as baixas que sofreram (cerca de 6000 soldados) e quando os cidadãos das grandes cidades e dos centros urbanos forem chamados a lutar sem o desejar.

Emanuel Caetano, Ermesinde

Vladimir Putin

Invadiu a Ucrânia, matou e torturou milhares e milhares de inocentes, e avisou que as atrocidades só iam durar três dias. Quais três dias, já lá vão mais de 200! Mas a grande realidade foi a mobilização da população russa - estão a abandonar este país, milhares e milhares de pessoas -, já não falando da ameaça nuclear. Quem neste mundo em que vivemos tratará desta loucura de Putin? Quem?

Tomaz Albuquerque, Lisboa

A guerra

Depois do fracasso no sul, no leste o êxito da contra ofensiva militar ucraniana face aos russos, que quase não ofereceram resistência, era afinal a repetição da estratégia que vitimou Napoleão: deixar o inimigo avançar para depois acabar com a sua logística de retaguarda. O recuo no Donbass também permitiu encaixar a nova situação na burocracia russa: na nova narrativa o país está a ser atacado e a doutrina aprovada permite toda a liberdade de acção.

A “operação especial” acabou: estamos em guerra. A Ucrânia passa a ser um país inimigo que terá as suas infra-estruturas vitais como alvo; a guerra deixa de ser um combate de artilharia em que a tecnologia americana estava a ter sucesso. A morte súbita será substituída pela lenta asfixia.

Os países ocidentais, dóceis seguidores da estratégia americana e dos seus interesses económicos, já estavam avidamente a imaginar o negócio da reconstrução da Ucrânia; têm finalmente de fazer todos os esforços para acabar com uma guerra, que está definitivamente perdida. Não há na Europa um governo que consiga pensar pela sua própria cabeça?

José Cavalheiro, Matosinhos

Uma homenagem a Adriano Moreira

Quem esteve no Pavilhão do Conhecimento no dia 6 de Setembro, na homenagem da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro ao digníssimo professor Adriano Moreira pelo seu 100.º aniversário, provavelmente ficou como eu, com um amargo de boca. Ideia fantástica, concretização suficiente.

Três erros gerais posso apontar: falta de equilíbrio nos tempos dedicados a cada faceta de vida do professor, falta de trabalho de pesquisa sobre o seu pensamento e falta de rigor na apresentação final dos distinguidos com o “Prémio Honorífico Professor Doutor Adriano Moreira”.

Em relação ao primeiro, falo sobretudo de repetições desnecessárias que alongaram penosamente a sessão. Quanto ao segundo, qualquer um de nós, sem ser responsável pela organização, lia um pouco e chegaria a frases/pensamentos do autor com a propriedade devida e o seu valor real. Por último, a ambição na escolha de 100 laureados terá levado à impreparação de quem os designou e chamou ao palco, concedendo-lhes profissões quase aleatórias. Como dizer que o maestro José Luís Borges Coelho é historiador (confundindo-o, porventura, com o irmão António Borges Coelho) e que o conhecido compositor Eurico Carrapatoso também ele é historiador.

Para mim, salvaram a sessão as intervenções do advogado e político José Ribeiro e Castro, que de forma magistral teceu o melhor elogio possível a Adriano Moreira – fê-lo coautor do poema de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa, “Da minha aldeia vejo quanto da terra/se pode ver no Universo… (…) Porque eu sou do tamanho do que vejo/E não do tamanho da minha altura…”, de Nuno Melo que, de forma eloquente, traçou o verdadeiro perfil do homenageado, e de Isabel Moreira que, sempre emocionada, disse o seu amor pelo pai. Por isso direi, foi uma homenagem. Não foi a homenagem. Para ele, que teria sido em seu tempo o meu Presidente da República, vai o carinho de quem o admirou e admira.

Eugénia Pedrosa, Porto

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